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Mantega lamenta recuperação do real
Para o ministro da Fazenda, "quem tem que se preocupar nesses momentos é quem tem falta de moeda forte"
Governo avalia que
a turbulência nos mercados
é passageira e que a crise
comprovou solidez da
economia brasileira
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, lamentou que o
real tenha voltado a se valorizar
em relação ao dólar ontem. Segundo ele, embora o governo
não tenha meta para o câmbio,
a alta do dólar -que chegou a
R$ 2,40 anteontem- era melhor do que o patamar registrado ontem, quando fechou a R$
2,29.
"Estamos caminhando para a
normalidade. Isso [turbulência] foi mais um teste para o
Brasil, com a demonstração de
que o Brasil está um país sólido.
A única pena é que o dólar já está caindo", afirmou o ministro,
entre risos, em rápida entrevista na portaria do Ministério da
Fazenda.
Os jornalistas questionaram
o ministro sobre qual seria o
patamar ideal para a cotação da
moeda americana, mas ele disse que não há meta para o governo. "Não existe patamar
ideal porque vocês iriam dizer
que o ministro da Fazenda está
mirando uma meta. Não temos
meta para o dólar. É aquilo que
resulta das relações de mercado. Mas, é claro, que há alguns
dias estava melhor do que está
hoje [ontem]", disse o ministro
da Fazenda, que assumiu o cargo no final de março.
Turbulência passageira
Ele reafirmou que desde o
começo da volatilidade nos
mercados globais ele sabia que
se tratava de uma turbulência
passageira. Na avaliação dele, o
superávit nas transações correntes permitiu ao Brasil atravessar o nervosismo sem ser
afetado de forma importante.
"Quem tem que se preocupar
nesses momentos é quem tem
falta de moeda forte. Nós temos
sobra", disse Mantega.
Pressionado por exportadores, Mantega anunciou na
Fiesp, na sexta passada, que o
governo estava elaborando um
pacote cambial para atenuar a
valorização do real. Alguns analistas o criticaram nesta semana, argumentando que o ministro da Fazenda não deveria ter
posição sobre o câmbio.
Para o ministro, o comportamento do mercado financeiro
ontem mostrou que a conjuntura está "acalmando". "Eu
particularmente não estava
preocupado com isso. Sabia
que era passageiro. Não há problemas estruturais que indiquem uma crise nacional. Muito pelo contrário", afirmou.
Desoneração
Questionado sobre a possibilidade de novas desonerações
de tributos para alimentos,
Mantega disse que isso já aconteceu para a cesta básica e afirmou: "Hoje, o brasileiro pode
comer filé mignon mesmo nas
famílias com poucos recursos",
disse o ministro.
De acordo com Mantega, a
equipe econômica está analisando se recomendará ou não
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva vetar o projeto de lei
aprovado pelo Congresso que
cria o Refis 3 (novo programa
de parcelamento dívidas federais). O projeto foi apreciado
pela Câmara na terça-feira e
agora depende de sanção presidencial.
A sinalização do ministro, no
entanto, foi no sentido de vetar
a proposta aprovada pelos parlamentares. "Eu não gosto do
Refis porque parece que você
vai reforçando a possibilidade
de os empresários não pagarem
tributos porque sempre vai ter
uma saída no futuro. Mas, evidentemente, vamos analisar",
declarou Mantega.
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