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BB anuncia mais crédito e juro menor
Após pressão do governo e troca de presidente, Banco do Brasil eleva em R$ 13 bi limite de crédito a 10 milhões de clientes
Banco estima que ao menos R$ 3 bi serão tomados por clientes e diz que medidas "apoiam consumo interno e estimulam a economia"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa tentativa de ampliar a
oferta de empréstimos no país,
o Banco do Brasil anunciou ontem que aumentou automaticamente em R$ 13 bilhões o limite de crédito concedido a 10
milhões de seus clientes pessoas físicas, grupo que representa pouco mais de um terço
do total de correntistas do BB.
A medida vale para empréstimos consignados e para algumas linhas de crediário, já que
um dos objetivos do banco é estimular o consumo. Dos R$ 13
bilhões disponibilizados, o banco estima que R$ 3 bilhões serão efetivamente transformados em novos empréstimos nos
próximos 12 meses.
Em média, é como se cada
um dos clientes beneficiados
ganhasse R$ 1.300 a mais no
seu limite de endividamento
com o BB. O valor exato, porém,
varia de pessoa para pessoa. Segundo o banco, cada cliente teve seu limite aumentado, em
média, em 5,25%.
Além disso, o banco reduziu
os juros cobrados de todos os
seus clientes em nove modalidades de empréstimos, como o
crédito consignado e o financiamento de veículos e eletrodomésticos da linha branca.
Com isso, o BB tenta aumentar sua participação no mercado e, ao mesmo tempo, estimular a recuperação da economia.
Tanto as novas taxas quanto os
novos limites passaram a vigorar ontem.
Segundo o vice-presidente de
Crédito do BB, Ricardo Flores,
o aumento no limite de crédito
foi decidido depois de adotada
uma nova metodologia para
avaliar o risco dos empréstimos
concedidos para pessoas físicas.
Esse novo cálculo passou a
calcular o limite de crédito de
cada cliente com base em históricos individuais mais detalhados, considerando, por exemplo, a quantidade de empréstimos contraídos no passado e o
tempo de relacionamento de
cada cliente com o banco.
"Essas medidas apoiam o
consumo interno e estimulam
a economia", disse Flores. Segundo o executivo, a mudança
já vinha sendo estudada há "alguns meses", mas o processo foi
acelerado depois da posse da
nova diretoria do banco. No
mês passado, o governo substituiu o presidente do BB. O novo
ocupante do cargo, Ademir
Bendine, foi nomeado com a
missão de acelerar a concessão
de empréstimo e cortar juros.
Ontem, Flores negou que as
medidas anunciadas fossem
consequência de pressões do
governo. "Não há conotação
política. Foi uma decisão autônoma do Banco do Brasil, baseada em critérios técnicos",
afirmou. Ele também afirmou
que a mudança não está relacionada com notícia publicada
pelo jornal "O Globo" que, com
base em levantamento do Banco Central, mostrou, na semana passada, que os juros cobrados pelo BB subiram desde a
nomeação da nova diretoria da
instituição.
O executivo disse ainda que
as mudanças na política de crédito do banco não devem resultar em maior inadimplência.
No primeiro trimestre deste
ano, segundo dado mais recente divulgado pelo BB, a inadimplência nos empréstimos para
pessoas físicas concedidos pela
instituição atingia 5,9% de sua
carteira, ante 8,3% da média do
setor bancário estimada pelo
Banco Central.
Flores disse que, com as mudanças anunciadas ontem, o BB
pretende aumentar sua participação no mercado de empréstimos a pessoas físicas. Em março deste ano, o saldo de financiamentos liberados pelo banco nesse segmento somava R$
61,1 bilhões, 21,7% do total disponível no país. O volume total
de empréstimos dos bancos para pessoas físicas estava em R$
281 bilhões no final de março.
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