São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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BB anuncia mais crédito e juro menor

Após pressão do governo e troca de presidente, Banco do Brasil eleva em R$ 13 bi limite de crédito a 10 milhões de clientes

Banco estima que ao menos R$ 3 bi serão tomados por clientes e diz que medidas "apoiam consumo interno e estimulam a economia"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa tentativa de ampliar a oferta de empréstimos no país, o Banco do Brasil anunciou ontem que aumentou automaticamente em R$ 13 bilhões o limite de crédito concedido a 10 milhões de seus clientes pessoas físicas, grupo que representa pouco mais de um terço do total de correntistas do BB.
A medida vale para empréstimos consignados e para algumas linhas de crediário, já que um dos objetivos do banco é estimular o consumo. Dos R$ 13 bilhões disponibilizados, o banco estima que R$ 3 bilhões serão efetivamente transformados em novos empréstimos nos próximos 12 meses.
Em média, é como se cada um dos clientes beneficiados ganhasse R$ 1.300 a mais no seu limite de endividamento com o BB. O valor exato, porém, varia de pessoa para pessoa. Segundo o banco, cada cliente teve seu limite aumentado, em média, em 5,25%.
Além disso, o banco reduziu os juros cobrados de todos os seus clientes em nove modalidades de empréstimos, como o crédito consignado e o financiamento de veículos e eletrodomésticos da linha branca.
Com isso, o BB tenta aumentar sua participação no mercado e, ao mesmo tempo, estimular a recuperação da economia. Tanto as novas taxas quanto os novos limites passaram a vigorar ontem.
Segundo o vice-presidente de Crédito do BB, Ricardo Flores, o aumento no limite de crédito foi decidido depois de adotada uma nova metodologia para avaliar o risco dos empréstimos concedidos para pessoas físicas.
Esse novo cálculo passou a calcular o limite de crédito de cada cliente com base em históricos individuais mais detalhados, considerando, por exemplo, a quantidade de empréstimos contraídos no passado e o tempo de relacionamento de cada cliente com o banco.
"Essas medidas apoiam o consumo interno e estimulam a economia", disse Flores. Segundo o executivo, a mudança já vinha sendo estudada há "alguns meses", mas o processo foi acelerado depois da posse da nova diretoria do banco. No mês passado, o governo substituiu o presidente do BB. O novo ocupante do cargo, Ademir Bendine, foi nomeado com a missão de acelerar a concessão de empréstimo e cortar juros.
Ontem, Flores negou que as medidas anunciadas fossem consequência de pressões do governo. "Não há conotação política. Foi uma decisão autônoma do Banco do Brasil, baseada em critérios técnicos", afirmou. Ele também afirmou que a mudança não está relacionada com notícia publicada pelo jornal "O Globo" que, com base em levantamento do Banco Central, mostrou, na semana passada, que os juros cobrados pelo BB subiram desde a nomeação da nova diretoria da instituição.
O executivo disse ainda que as mudanças na política de crédito do banco não devem resultar em maior inadimplência.
No primeiro trimestre deste ano, segundo dado mais recente divulgado pelo BB, a inadimplência nos empréstimos para pessoas físicas concedidos pela instituição atingia 5,9% de sua carteira, ante 8,3% da média do setor bancário estimada pelo Banco Central.
Flores disse que, com as mudanças anunciadas ontem, o BB pretende aumentar sua participação no mercado de empréstimos a pessoas físicas. Em março deste ano, o saldo de financiamentos liberados pelo banco nesse segmento somava R$ 61,1 bilhões, 21,7% do total disponível no país. O volume total de empréstimos dos bancos para pessoas físicas estava em R$ 281 bilhões no final de março.


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