São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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entrevista

Estrangeiro foi quem mais ganhou na Bovespa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não só passa bem pela crise como atrai mais investimentos, segundo Will Landers, gestor de mercados emergentes do gigante americano BlackRock, cujos fundos têm patrimônio de US$ 1,28 trilhão. Landers vê os fundos de pensão brasileiros elevarem suas aplicações em ações no Brasil, fato que estimulará ainda mais a Bolsa.
"Até agora, quem mais se beneficiou do mercado de ações brasileiro foi o estrangeiro", disse ele, que participa hoje do congresso de fundos da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). (TS)

 

FOLHA - Qual o peso do Brasil nos fundos do BlackRock?
WILL LANDERS
- Temos US$ 4,5 bilhões em fundos dedicados à América Latina, e o Brasil responde por cerca de 72%, 73% desse dinheiro. O Brasil é o país mais interessante da América Latina e um dos mais atrativos de todos os emergentes. Entre os emergentes, recebe de 20% a 22% dos nossos recursos.

FOLHA - A crise mudou a alocação de recursos no Brasil?
LANDERS
- Desde 2002, com aquela incerteza em relação à eleição, nós já tínhamos uma visão um pouco mais positiva e começamos a colocar mais dinheiro no Brasil. Naquela época, o país representava de 35% a 40% dos nossos recursos na região.
Como o Brasil tinha uma performance melhor, fomos aumentando. No meio do ano passado, estávamos com pouco mais de 65%. O mundo queria tirar risco do portfólio -e a reação natural era vender Brasil. Nós, não. Tínhamos a visão de que, dessa vez, o Brasil não tinha culpa no cartório. E conforme a situação se acalmasse, seria um dos países mais beneficiados. Começamos a comprar um pouco mais no quarto trimestre e aumentamos no primeiro trimestre.
E não só aumentamos Brasil, mas as companhias voltadas ao mercado doméstico -bancos, varejo, construção. O desenvolvimento da classe média e o juro de um dígito terão impacto na atividade.

FOLHA - O Brasil conseguirá conviver com juros tão baixos?
LANDERS
- O juro brasileiro é menor, mas não é baixo. Os bancos vão ter de ser muito mais eficientes. As companhias vão olhar dívida não como um problema, mas como uma oportunidade para crescer mais rapidamente.

FOLHA - Depois da poupança, quais as maiores mudanças?
LANDERS
- Os fundos de pensão brasileiros nunca tiveram de pensar em investir em ação. Isso vai atrair muito dinheiro para a Bolsa. Vai acontecer como aconteceu no resto do mundo. Como não tem mais rentabilidade de dois dígitos [na renda fixa], vão ter de mudar o portfólio. Virá um novo investidor para esse mercado.
Até agora quem mais se beneficiou do mercado de ações foi o investidor estrangeiro, como nós. Mesmo de 2003 a 2008, o investidor estrangeiro ganhou mais na Bolsa do que o nacional. Era ele quem estava mais posicionado na Bolsa. Agora, isso vai mudar.


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