|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Estrangeiro foi quem mais ganhou na Bovespa
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil não só passa bem
pela crise como atrai mais investimentos, segundo Will
Landers, gestor de mercados
emergentes do gigante americano BlackRock, cujos fundos têm patrimônio de US$
1,28 trilhão. Landers vê os
fundos de pensão brasileiros
elevarem suas aplicações em
ações no Brasil, fato que estimulará ainda mais a Bolsa.
"Até agora, quem mais se beneficiou do mercado de
ações brasileiro foi o estrangeiro", disse ele, que participa hoje do congresso de fundos da Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento).
(TS)
FOLHA - Qual o peso do Brasil
nos fundos do BlackRock?
WILL LANDERS - Temos US$
4,5 bilhões em fundos dedicados à América Latina, e o
Brasil responde por cerca de
72%, 73% desse dinheiro. O
Brasil é o país mais interessante da América Latina e
um dos mais atrativos de todos os emergentes. Entre os
emergentes, recebe de 20% a
22% dos nossos recursos.
FOLHA - A crise mudou a alocação de recursos no Brasil?
LANDERS - Desde 2002, com
aquela incerteza em relação
à eleição, nós já tínhamos
uma visão um pouco mais
positiva e começamos a colocar mais dinheiro no Brasil.
Naquela época, o país representava de 35% a 40% dos
nossos recursos na região.
Como o Brasil tinha uma
performance melhor, fomos
aumentando. No meio do
ano passado, estávamos com
pouco mais de 65%. O mundo queria tirar risco do portfólio -e a reação natural era
vender Brasil. Nós, não. Tínhamos a visão de que, dessa
vez, o Brasil não tinha culpa
no cartório. E conforme a situação se acalmasse, seria
um dos países mais beneficiados. Começamos a comprar um pouco mais no quarto trimestre e aumentamos
no primeiro trimestre.
E não só aumentamos Brasil, mas as companhias voltadas ao mercado doméstico
-bancos, varejo, construção.
O desenvolvimento da classe
média e o juro de um dígito
terão impacto na atividade.
FOLHA - O Brasil conseguirá conviver com juros tão baixos?
LANDERS - O juro brasileiro é
menor, mas não é baixo. Os
bancos vão ter de ser muito
mais eficientes. As companhias vão olhar dívida não
como um problema, mas como uma oportunidade para
crescer mais rapidamente.
FOLHA - Depois da poupança,
quais as maiores mudanças?
LANDERS - Os fundos de pensão brasileiros nunca tiveram de pensar em investir
em ação. Isso vai atrair muito
dinheiro para a Bolsa. Vai
acontecer como aconteceu
no resto do mundo. Como
não tem mais rentabilidade
de dois dígitos [na renda fixa], vão ter de mudar o portfólio. Virá um novo investidor para esse mercado.
Até agora quem mais se
beneficiou do mercado de
ações foi o investidor estrangeiro, como nós. Mesmo de
2003 a 2008, o investidor estrangeiro ganhou mais na
Bolsa do que o nacional. Era
ele quem estava mais posicionado na Bolsa. Agora, isso
vai mudar.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Retração: Consumo industrial de energia cai 8,9% e volta a nível de 2005 Índice
|