São Paulo, terça-feira, 26 de maio de 2009

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Para analista, acordo transfere protecionismo

DE BUENOS AIRES

Ao incentivar negociações setoriais que buscam acordos de autorrestrição de exportações, os governos do Brasil e da Argentina transferem o protecionismo para o setor privado, avalia Marcelo Halperín, professor do Instituto de Integração Latinoamericana da Universidade Nacional de La Plata. De acordo com ele, os acordos esvaziam a base econômica do Mercosul. A seguir, os principais trechos da entrevista. (TG)

 

FOLHA - Como o sr. analisa as negociações setoriais promovidas pelos governos?
MARCELO HALPERÍN
- É algo totalmente anacrônico, que afeta a livre concorrência e leva a abuso de posição dominante. São movimentos que vão contra a corrente da economia globalizada, no velho modelo de substituição de importações. Os Estados, sem capacidade para negociar e interpretar o interesse público, dizem aos empresários: resolvam entre vocês.

FOLHA - Seria uma distorção no Mercosul?
HALPERÍN
- Sim, e depois disso não sei o que pode vir. A chave de sobrevivência do Mercosul é sua inocuidade. Sobrevive porque não causa dano. Há regras, ninguém as cumpre, e todos continuamos sendo parte.

FOLHA - Como o sr. vê a ampliação do uso de licenças não automáticas pela Argentina?
HALPERÍN
- É fazer o mais fácil diante de um problema. É mais fácil tergiversar com licenças do que, por exemplo, adotar salvaguardas na OMC, algo proibido na relação Brasil-Argentina, mas que poderia ser feito para todos os países.


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