São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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AUTOMÓVEIS

Fiat, Peugeot e GM, que inauguram fábricas no 2º semestre, encontram volume de vendas igual ao de 1993

Montadora nova disputa mercado menor

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três das quatro montadoras que aproveitaram o final do regime automotivo brasileiro vão inaugurar suas fábricas no segundo semestre. O cenário é adverso. Apesar da retomada deste ano, o mercado encolheu ao tamanho de antes do Plano Real e irá demorar a atingir os melhores momentos de três anos atrás.
Com isso, as perspectivas de recuperação dos investimentos, que variaram de US$ 300 milhões a US$ 600 milhões, ficam adiadas por um tempo. A capacidade ociosa e os prejuízos das montadoras também tendem a crescer.
Juntas, a italiana Iveco, do Grupo Fiat, a francesa Peugeot-Citroën e a norte-americana General Motors irão adicionar ao mercado 250 mil veículos por ano.
Com o reforço, a capacidade de produção nacional chegará perto de 3 milhões de unidades por ano.
Será praticamente o dobro da capacidade de 95 -de 1,5 milhão-, quando a estabilidade de preços provocou um aumento forte das vendas de veículos nos primeiros anos do Plano Real.
De lá para cá, as vendas se comportaram como uma gangorra. Atingiram o pico da década em 97, com a venda de 2,07 milhões de unidades produzidas no país.
Desde então, por conta das sucessivas crises internacionais, caíram ano a ano até afundarem no 1,3 milhão de 99, mesmo patamar de produção de seis anos antes.
Em 2000, as vendas devem somar 1,6 milhão, prevê a Anfavea, associação das montadoras. Ultrapassar a marca de 2 milhões, no entanto, só a partir de 2003, caso o ritmo de crescimento da economia brasileira, que deve se expandir entre 3% e 4% neste ano, se mantenha.
A reversão do mercado foi uma ducha de água fria nos planos imediatos das montadoras, que sonhavam associar as vantagens do regime automotivo a um mercado interno em ebulição.
Parte da decisão de abrir unidades no Brasil se deveu às vantagens do regime automotivo, que reduziu as alíquotas de importação de quem se instalou aqui. Quem ficou de fora pagará mais caro para entrar no país.
Mas a possibilidade de retorno rápido com o crescimento do mercado interno, hoje mais distante, também pesou na decisão.
"Quem veio para o Brasil pensa no longo prazo, e tudo indica que estamos trilhando o caminho da recuperação", diz Ademar Canteiro, diretor de Relações Institucionais da Anfavea.
"Só que é preciso saber que a recuperação virá aliada ao aumento das exportações", afirma.
Aumentar os esforços para exportação não estava nos planos das montadoras brasileiras -das que estavam aqui e das que estão se instalando. Para elas, o atrativo sempre foi o tamanho e as perspectivas do mercado interno, em que a relação de habitantes por carros é maior que a de países como Chile e Argentina.
A contração do mercado brasileiro, porém, tem forçado as montadoras a buscar maneiras de escoar a produção. Em 99 e no início deste ano, a Anfavea buscou acordos para ampliar o comércio exterior. Já há um em vigor com o México e negociações com o Chile e a África do Sul. Resultado: nos cinco primeiros meses do ano, as exportações cresceram 17% e o consumo interno, 16%.
O diretor-geral da Peugeot-Citroën do Brasil, Pierre-Michel Fauconnier, vai na mesma linha. Segundo ele, olhar para o mercado externo, por enquanto, deve ajudar as montadoras a atravessar o período de baixas vendas.
"Em momentos de crise, a queda é forte, mas a recuperação também é acelerada", afirma Fauconnier, que espera conquistar 7% do mercado brasileiro de automóveis até 2003.


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