|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMÓVEIS
Fiat, Peugeot e GM, que inauguram fábricas no 2º semestre, encontram volume de vendas igual ao de 1993
Montadora nova disputa mercado menor
SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três das quatro montadoras
que aproveitaram o final do regime automotivo brasileiro vão
inaugurar suas fábricas no segundo semestre. O cenário é adverso.
Apesar da retomada deste ano, o
mercado encolheu ao tamanho de
antes do Plano Real e irá demorar
a atingir os melhores momentos
de três anos atrás.
Com isso, as perspectivas de recuperação dos investimentos, que
variaram de US$ 300 milhões a
US$ 600 milhões, ficam adiadas
por um tempo. A capacidade
ociosa e os prejuízos das montadoras também tendem a crescer.
Juntas, a italiana Iveco, do Grupo Fiat, a francesa Peugeot-Citroën e a norte-americana General Motors irão adicionar ao mercado 250 mil veículos por ano.
Com o reforço, a capacidade de
produção nacional chegará perto
de 3 milhões de unidades por ano.
Será praticamente o dobro da
capacidade de 95 -de 1,5 milhão-, quando a estabilidade de
preços provocou um aumento
forte das vendas de veículos nos
primeiros anos do Plano Real.
De lá para cá, as vendas se comportaram como uma gangorra.
Atingiram o pico da década em
97, com a venda de 2,07 milhões
de unidades produzidas no país.
Desde então, por conta das sucessivas crises internacionais, caíram ano a ano até afundarem no
1,3 milhão de 99, mesmo patamar
de produção de seis anos antes.
Em 2000, as vendas devem somar 1,6 milhão, prevê a Anfavea,
associação das montadoras. Ultrapassar a marca de 2 milhões,
no entanto, só a partir de 2003, caso o ritmo de crescimento da economia brasileira, que deve se expandir entre 3% e 4% neste ano,
se mantenha.
A reversão do mercado foi uma
ducha de água fria nos planos
imediatos das montadoras, que
sonhavam associar as vantagens
do regime automotivo a um mercado interno em ebulição.
Parte da decisão de abrir unidades no Brasil se deveu às vantagens do regime automotivo, que
reduziu as alíquotas de importação de quem se instalou aqui.
Quem ficou de fora pagará mais
caro para entrar no país.
Mas a possibilidade de retorno
rápido com o crescimento do
mercado interno, hoje mais distante, também pesou na decisão.
"Quem veio para o Brasil pensa
no longo prazo, e tudo indica que
estamos trilhando o caminho da
recuperação", diz Ademar Canteiro, diretor de Relações Institucionais da Anfavea.
"Só que é preciso saber que a recuperação virá aliada ao aumento
das exportações", afirma.
Aumentar os esforços para exportação não estava nos planos
das montadoras brasileiras -das
que estavam aqui e das que estão
se instalando. Para elas, o atrativo
sempre foi o tamanho e as perspectivas do mercado interno, em
que a relação de habitantes por
carros é maior que a de países como Chile e Argentina.
A contração do mercado brasileiro, porém, tem forçado as montadoras a buscar maneiras de escoar a produção. Em 99 e no início deste ano, a Anfavea buscou
acordos para ampliar o comércio
exterior. Já há um em vigor com o
México e negociações com o Chile
e a África do Sul. Resultado: nos
cinco primeiros meses do ano, as
exportações cresceram 17% e o
consumo interno, 16%.
O diretor-geral da Peugeot-Citroën do Brasil, Pierre-Michel
Fauconnier, vai na mesma linha.
Segundo ele, olhar para o mercado externo, por enquanto, deve
ajudar as montadoras a atravessar
o período de baixas vendas.
"Em momentos de crise, a queda é forte, mas a recuperação também é acelerada", afirma Fauconnier, que espera conquistar 7% do
mercado brasileiro de automóveis até 2003.
Texto Anterior: Deputados estudam criar CPI para o caso Próximo Texto: Brasil ainda tem poucos carros por habitante em relação ao Mercosul Índice
|