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Redução de obras sustenta superávit
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O elevado superávit primário
obtido pelo governo federal nos
cinco primeiros meses deste ano
tem como uma das conseqüências os baixos gastos em investimentos. Ao economizar mais para pagar juros da dívida, o governo gasta menos com obras.
Até o último dia 10, as despesas
efetivas com investimentos ficaram em apenas R$ 395,85 milhões
dos R$ 12,4 bilhões previstos para
serem gastos até dezembro no Orçamento de 2004, conforme dados do Siafi (sistema informatizado que registra a execução orçamentária). Esse volume de gastos
corresponde a 3,17% do total previsto. Nos últimos anos, as despesas com investimentos vêm ficando baixas no primeiro semestre,
quando o governo ainda não tem
certeza sobre o comportamento
da arrecadação no ano.
Ou seja, os gastos com investimentos tendem a crescer no segundo semestre, quando a previsão de receitas no ano já considera
o desempenho de janeiro a junho.
Em 2003, quando o setor público fez uma economia recorde para pagar dívidas, o investimento
do governo ficou em R$ 2,3 bilhões (16,5% do previsto no Orçamento). Embora o governo tenha
prometido uma recuperação nos
gastos com investimento para este ano, os dados recentes mostram que isso ainda não aconteceu. À medida que aumentar a
despesa com investimento, também será registrada queda no superávit primário.
Conforme os dados mais recentes, as maiores despesas, em valores nominais, foram nas áreas de
saúde, com R$ 114,576 milhões
(4,45% do total previsto para o
ano), e defesa nacional, com R$
89,347 milhões (7,63% do total).
Nesse último caso, o resultado foi
influenciado pelo pagamento,
parcelado, do novo avião a ser
usado pelo presidente Lula.
O sacrifício dos investimentos,
ocorrido também na administração do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, é conseqüência do engessamento do gasto público no Brasil. Despesas não-prioritárias, mas obrigatórias, como pessoal e benefícios previdenciários, sobem continuamente e,
além disso, a legislação fixa pisos
para gastos em áreas como saúde
e educação. No total, a União só
tem autonomia para aplicar livremente pouco mais de 10% do Orçamento -que, neste ano, prevê
gastos de R$ 326 bilhões, excluindo os encargos financeiros.
Os números comprovam: os
gastos com pessoal, até 10 de junho, chegaram a R$ 32,92 bilhões,
equivalentes a 38,74% do previsto
para o ano (R$ 84,97 bilhões).
(VIVALDO DE SOUSA)
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