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CONTAS PÚBLICAS
Economia do setor público até maio representou 5,87% do PIB
País amplia aperto fiscal e antecipa meta com o FMI
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Devido ao aperto fiscal realizado nos últimos meses, o Brasil
conseguiu cumprir, com um mês
de antecedência, uma das principais exigências do acordo fechado
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Entre janeiro e maio, o setor público economizou R$ 38,268 bilhões para o pagamento de juros
-R$ 5,568 bilhões a mais do que
deveria ser acumulado em todo o
primeiro semestre.
O superávit primário obtido até
agora por União, Estados, municípios e estatais equivale a 5,87%
do PIB (Produto Interno Bruto,
total de riquezas produzidas no
país).
O objetivo do governo é economizar, ao longo de todo o ano de
2004, um mínimo de R$ 71,5 bilhões -ou 4,25% do PIB. De janeiro a maio de 2003, o superávit
do setor público ficou em 6,22%
do PIB do período, o equivalente
a R$ 36,980 bilhões.
"Geralmente se faz um resultado melhor no primeiro semestre",
diz o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.
De acordo com Lopes, é no final
do ano que se concentrariam as
maiores despesas do governo
-como os gastos com o 13º salário pago aos servidores públicos.
Dividendos
O governo brasileiro passou a
obter resultados fiscais primários
positivos no final de 1998, quando
foi celebrado o primeiro de uma
série de acordos com o FMI. Para
o Fundo, o aperto fiscal é uma indicação da capacidade do país
continuar pagando suas dívidas
em dia.
No mês passado, o setor público
obteve um superávit primário de
R$ 5,839 bilhões. O resultado não
foi maior porque as empresas estatais registraram déficit de R$
735 milhões.
De acordo com Lopes, o resultado negativo se deve à distribuição
de dividendos feita por essas
companhias. Ao todo, de acordo
com o BC, as estatais distribuíram
R$ 2,3 bilhões a seus acionistas
em maio.
Entre janeiro e maio, as estatais
acumularam um déficit de R$ 466
milhões contra um superávit de
R$ 640 milhões no mesmo período de 2003.
O superávit do governo federal
neste ano, por sua vez, foi de R$
30,232 bilhões e acabou por compensar o resultado negativo da estatais. Estados e municípios contribuíram com R$ 8,501 bilhões.
Dívida
Apesar do esforço fiscal feito pelo setor público desde o ano passado, não foi possível conter o
avanço da dívida.
No mês passado, o endividamento do governo chegou a R$
946,669 bilhões, valor que equivale a 56,8% do PIB.
Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início ao seu
mandato, essa proporção estava
em 55,5%.
O aumento da dívida é conseqüência dos elevados juros praticados no país.
Aproximadamente metade da
dívida pública é corrigida pela taxa Selic, fixada periodicamente
pelo BC, que hoje está em 16% ao
ano. No ano passado, a Selic chegou a 26,5%.
Entre janeiro do ano passado e
maio de 2004, os gastos do setor
público com juros da dívida somaram R$ 197,147 bilhões. No
mesmo período, o superávit primário acumulado foi de R$
104,441 bilhões. Assim, para poder pagar os juros que não puderam ser cobertos pela economia
feita desde o ano passado, o governo precisou contrair novas dívidas.
Câmbio
Além disso, a recente alta do dólar também contribuiu para o
maior endividamento.
Em maio, a cotação média da
moeda dos Estados Unidos subiu
6,26%. A variação da taxa de câmbio teve um impacto de R$ 14,670
bilhões na dívida do governo no
mês passado. Isso acontece porque, além da dívida externa, o governo também tem uma parcela
da sua dívida interna atrelada ao
dólar.
Lopes afirma que, com a redução da taxa Selic ocorrida desde
meados do ano passado, a dívida
deve passar a recuar. No início de
janeiro, a relação entre dívida e
PIB estava em 58,7%. Caso a cotação do dólar se estabilize em R$
3,10, de acordo com projeção do
BC, o endividamento vai encerrar
o ano num valor equivalente a
57% do PIB.
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