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Blindagem do país contra crises aumenta
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira conseguiu alguma "blindagem" contra
choques nos últimos anos. Graças
aos superávits fiscal e externo,
avaliam economistas, a turbulência política das últimas semanas
não terá impactos sobre o desempenho econômico.
A crise, claro, não ajuda. Mas,
ressalvam os economistas, em outros períodos ela teria automaticamente levado a turbulências no
mercado financeiro, que contaminariam o câmbio e poderiam
levar a choques de juros para controlar o nervosismo.
"Hoje nós temos uma maior
imunidade a crises internas e externas", afirma Fábio Silveira, da
MS Consult.
Investidores e analistas, diz Silveira, "estão de olho" na crise,
mas, enquanto a percepção for de
que no campo econômico não haverá mudanças, "o mercado continuará apenas olhando".
"É mais fácil enfrentar uma crise com dinheiro em caixa, com
um superávit [fiscal] de 4,5% do
PIB [Produto Interno Bruto]",
avalia Samuel Pessôa, economista
do Ibre (Instituto Brasileiro de
Economia).
Mesmo o último choque de juros, dado o novo quadro macroeconômico, teve efeitos mais suaves do que os anteriores. Ele foi,
na verdade, o primeiro aperto voluntário levado a cabo pelo governo brasileiro, já que todos os demais foram reações à crises externas e internas.
O penúltimo, que começou em
outubro de 2002 e terminou apenas em fevereiro de 2003, elevou a
taxa básica de juros de 18% para
26,5%, uma alta de 8,5 pontos
percentuais.
Naquele caso, o estresse pré-eleitoral, criado pela incerteza gerada pela virtual vitória do então
oposicionista Luis Inácio Lula da
Silva nas eleições presidenciais,
agitou os mercados, causou desvalorização cambial e contaminação dos preços.
O BC reagiu elevando a taxa de
juros, política que continuou depois que a equipe econômica de
Lula, comandada pelo ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
assumiu.
O resultado daquele aperto foi a
relativa estagnação econômica no
primeiro ano do governo Lula,
quando a economia cresceu só
0,5%, tendo encolhido nos três
primeiros meses de governo e ficado praticamente patinando no
segundo trimestre.
Aperto menor
Desta vez, o aperto foi menor.
Os juros subiram de 16% em
agosto do ano passado para
19,75% em maio. Alta foi de 3,75
pontos, um aperto forte, mas não
tão grande quanto o anterior. A
economia patinou, mas deve ainda crescer modestos 3% neste
ano, caso se concretizem as previsões da maioria dos analistas.
Pessôa, do Ibre, projeta crescimento de 2,5% neste ano e mais
3,5% em 2006. Caso ele esteja correto, o Brasil terá crescido, sob
Lula, 2,8% ao ano em média. Taxa
modesta, diz ele, ainda que um
pouco superior aos 2,2% em média do período em que governou
o presidente Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
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