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PREVIDÊNCIA
Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descarta aumento neste ano; trabalhadores mantêm movimento
Governo não cede, e greve deverá ser longa
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender de aumento salarial, a greve dos servidores do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ainda deverá durar
muito tempo. Isso porque o ministro do Planejamento, Paulo
Bernardo, informou na quinta-feira que o governo não dispõe de
recursos para aumentar os salários dos servidores neste ano.
Como os servidores pedem a reposição das perdas ao menos no
governo Lula (desde 2003), os
18% pretendidos pelos trabalhadores estão muito distantes do
0,1% oferecido pelo governo.
A diferença entre o pedido e o
oferecido é de 17.900%. Para ter
uma idéia da diferença, é como se
os servidores pedissem um aumento de R$ 1.800, e o governo
oferecesse apenas R$ 10.
Como não há nenhuma contra-oferta por parte do governo, os
servidores públicos federais mantêm a greve por tempo indeterminado -hoje já são 25 dias.
Na reunião da Mesa Nacional
de Negociação Permanente, realizada na quinta-feira com o comando de greve dos servidores
públicos federais, Bernardo disse
que "os servidores não têm razão
quando afirmam que o governo
não está atendendo as reivindicações das categorias".
Segundo o ministro, no ano
passado foram concedidos reajustes médios de 40%, que reduziram a diferença entre o piso e o teto salarial dos servidores.
"Conseguimos diminuir a distância entre o menor e o maior salário, de 19 vezes para 11 vezes. Os
servidores não podem alegar que
não demos nada. Não é possível
admitir que só demos 0,1%."
De acordo com o ministro, o
conjunto de negociações atendidas significou acréscimo de R$ 10
bilhões na folha salarial de 2004 e
de R$ 8,5 bilhões na deste ano.
Bernardo disse ainda que a disposição é negociar cláusulas não-financeiras, sem impacto no Orçamento federal.
Propostas para 2006
Como o governo diz que não
tem condições de dar aumento
neste ano, os servidores querem
ao menos garantir algo para 2006.
Para isso, será preciso incluir no
Orçamento os recursos que possam assegurar o aumento salarial.
Na próxima semana serão realizadas duas reuniões, em Brasília,
para tentar avançar nas negociações. Na terça-feira a reunião será
entre os dirigentes sindicais dos
servidores da seguridade social
com os ministros Romero Jucá
(Previdência), Humberto Costa
(Saúde), Ricardo Berzoini (Trabalho) e Paulo Bernardo. No dia
seguinte, Bernardo terá reunião
com os representantes de todos os
funcionários públicos.
Para mostrar que a categoria está unida, os servidores do INSS farão atos de protesto, em todas as
capitais onde há adesão significativa à greve, na terça-feira, no momento da reunião dos dirigentes
com os ministros.
"Vamos discutir propostas
[com o governo] para consolidar
as conquistas do funcionalismo",
afirma Miraci Astun, diretora do
Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social do Estado de São Paulo).
Na sessão plenária realizada
sexta-feira em Brasília, com representantes de todos os Estados,
ficou acertado que novas diretrizes sobre a greve serão tomadas
após a reunião de terça-feira.
Desde que a greve começou,
826,75 mil segurados já ficaram
sem atendimento no Estado de
São Paulo, segundo a superintendência do INSS. Estão paradas 90
das 164 agências no Estado. Na capital paulista, cerca de 390 mil
pessoas já deixaram de ser atendidas.
(MARCOS CÉZARI)
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