São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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PREVIDÊNCIA

Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descarta aumento neste ano; trabalhadores mantêm movimento

Governo não cede, e greve deverá ser longa

DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender de aumento salarial, a greve dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ainda deverá durar muito tempo. Isso porque o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou na quinta-feira que o governo não dispõe de recursos para aumentar os salários dos servidores neste ano.
Como os servidores pedem a reposição das perdas ao menos no governo Lula (desde 2003), os 18% pretendidos pelos trabalhadores estão muito distantes do 0,1% oferecido pelo governo.
A diferença entre o pedido e o oferecido é de 17.900%. Para ter uma idéia da diferença, é como se os servidores pedissem um aumento de R$ 1.800, e o governo oferecesse apenas R$ 10.
Como não há nenhuma contra-oferta por parte do governo, os servidores públicos federais mantêm a greve por tempo indeterminado -hoje já são 25 dias.
Na reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente, realizada na quinta-feira com o comando de greve dos servidores públicos federais, Bernardo disse que "os servidores não têm razão quando afirmam que o governo não está atendendo as reivindicações das categorias".
Segundo o ministro, no ano passado foram concedidos reajustes médios de 40%, que reduziram a diferença entre o piso e o teto salarial dos servidores.
"Conseguimos diminuir a distância entre o menor e o maior salário, de 19 vezes para 11 vezes. Os servidores não podem alegar que não demos nada. Não é possível admitir que só demos 0,1%."
De acordo com o ministro, o conjunto de negociações atendidas significou acréscimo de R$ 10 bilhões na folha salarial de 2004 e de R$ 8,5 bilhões na deste ano. Bernardo disse ainda que a disposição é negociar cláusulas não-financeiras, sem impacto no Orçamento federal.

Propostas para 2006
Como o governo diz que não tem condições de dar aumento neste ano, os servidores querem ao menos garantir algo para 2006. Para isso, será preciso incluir no Orçamento os recursos que possam assegurar o aumento salarial.
Na próxima semana serão realizadas duas reuniões, em Brasília, para tentar avançar nas negociações. Na terça-feira a reunião será entre os dirigentes sindicais dos servidores da seguridade social com os ministros Romero Jucá (Previdência), Humberto Costa (Saúde), Ricardo Berzoini (Trabalho) e Paulo Bernardo. No dia seguinte, Bernardo terá reunião com os representantes de todos os funcionários públicos.
Para mostrar que a categoria está unida, os servidores do INSS farão atos de protesto, em todas as capitais onde há adesão significativa à greve, na terça-feira, no momento da reunião dos dirigentes com os ministros.
"Vamos discutir propostas [com o governo] para consolidar as conquistas do funcionalismo", afirma Miraci Astun, diretora do Sinsprev (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social do Estado de São Paulo).
Na sessão plenária realizada sexta-feira em Brasília, com representantes de todos os Estados, ficou acertado que novas diretrizes sobre a greve serão tomadas após a reunião de terça-feira.
Desde que a greve começou, 826,75 mil segurados já ficaram sem atendimento no Estado de São Paulo, segundo a superintendência do INSS. Estão paradas 90 das 164 agências no Estado. Na capital paulista, cerca de 390 mil pessoas já deixaram de ser atendidas. (MARCOS CÉZARI)


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