São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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DESEMPENHO

Motivos são estabilidade e metas mais apertadas

2004 foi melhor ano em bônus de executivos, mas 2005 deve piorar

" DA REPORTAGEM LOCAL

Concluído o prazo para pagamento de bônus e outros incentivos salariais a executivos, já pode se afirmar que os valores médios pagos relativos a 2004 bateram o recorde de 2000 -ano em que gerentes, diretores e presidentes de empresas tiveram o maior ganho da história. Mas esse cenário não deverá se repetir neste ano.
Os executivos recebem gordos incentivos num mercado de poucos líderes: há quase 645 mil empresas atuantes nas áreas de indústria da transformação, instituições financeiras, construção e serviços, segundo dados do IBGE de 2002 coletados pela Folha. Nelas, trabalham 8,23 milhões de pessoas. Nesse bolo de funcionários, há apenas 645 mil presidentes -um por companhia- e até nove diretores (comercial, financeiro e marketing, entre outros)
Os rendimentos dos presidentes atingiram uma média mensal em abril de R$ 26,3 mil, segundo levantamento do Datafolha com 113 empresas privadas com mais de cem funcionários.
Ao considerar o incentivo médio pago de 12 vezes o salário mensal, de acordo com dados de um levantamento do Hay Group com 148 companhias e finalizado no último mês, um presidente terá recebido em remuneração extra um montante de R$ 315,6 mil.
Logo abaixo na pirâmide corporativa, os diretores aparecem com um volume bem mais tímido, mas em crescimento. O número de salários pagos como bonificação foi 4,8 vezes o recebido pelo executivo ao mês, superior aos 4,4 do ano passado e aos de 2000 (4,7). Nessa conta podem entrar os bônus ou a PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
Pelo mesmo cálculo aplicado, um diretor comercial recebe ao mês R$ 17,9 mil e terá ganho em incentivos R$ 85,9 mil pelo desempenho de 2004.

Limites e previsões
Segundo Adilson Araujo Santos, gerente de informações do Hay Group, grupos privados de setores fortemente exportadores, como siderurgia e petroquímica, puxaram essa alta nos bônus pagos, o que contaminou quase toda a indústria em 2004.
Dados da consultoria Economática mostram que, no ano passado, o lucro líquido de grupos com ação em Bolsa de Valores atingiu R$ 79,3 bilhões, o maior da história. Dos 20 setores analisados, 13 tiveram resultado recorde. Em 2003, foram oito os setores com lucros excepcionais.
O bom resultado financeiro, com reflexo nas volumosas remunerações, pode não se sustentar neste ano. Gerentes de consultorias da área explicam que, após um período de bonanças, as metas das empresas tendem a ser ainda mais agressivas e há uma menor possibilidade de que o vigor anterior se repita.
"Às vezes fica difícil manter o mesmo ritmo. A tendência é que os valores caiam substancialmente neste ano, em parte pela possibilidade de uma expansão econômica menor", diz Fábio Mandarano, gerente-sênior de Gestão de Capital Humano da Deloitte.


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