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ECONOMIA GLOBAL
Em 2006, dívida externa em circulação de países como Rússia, Brasil e China será menor que sua receita com exportações
Emergentes financiarão ricos, diz agência
PAIVI MUNTER
DO "FINANCIAL TIMES"
Os países de mercado emergente estão a ponto de se tornar credores, em termos líquidos, no sistema financeiro mundial pela primeira vez desde que essa categoria de ativos foi criada, segundo
dados da agência de classificação
de crédito Fitch Ratings.
A dívida externa em circulação
desses países -muitos dos quais
grandes exportadores de petróleo
e commodities- será menor que
suas receitas com exportação.
Esse marco histórico de crédito,
que deve ser atingido no ano que
vem, coincide com um déficit recorde em conta corrente nos Estados Unidos, o país mais rico do
mundo.
A Fitch diz que os bancos centrais de China, Índia, Rússia, Brasil, Coréia do Sul e Malásia, entre
outros, aumentaram em US$ 100
bilhões suas reservas cambiais no
primeiro trimestre do ano.
O termo "mercados emergentes" foi cunhado nos anos 80 para
descrever os países em transição
econômica, muitos dos quais tinham dívidas elevadas e dependiam pesadamente de captação
no exterior.
Philip Poole, diretor de pesquisa
de mercados emergentes do
HSBC, disse que "a transferência
de riqueza foi alimentada em parte pelos preços do petróleo, que
nunca estiveram tão elevados".
Os países de mercado emergente tinham de pagar ágio em seus
empréstimos, mas agora a melhora dos fundamentos em suas dívidas está alimentando uma convergência de crédito com relação
às economias desenvolvidas, disse Poole.
"A distinção entre um mercado
desenvolvido e um mercado
emergente começa a desaparecer", afirmou.
Recompensa
O ágio dos papéis de mercados
emergentes com relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos caiu abaixo dos quatro pontos percentuais neste ano. Ingrid
Iversen, diretora da Insight Investment, grupo de administração de ativos, disse que a melhora
dos fundamentos dos mercados
emergentes e a queda na emissão
de papéis de dívida soberana haviam beneficiado os detentores de
títulos, que viram o preço de seus
papéis subir, com a queda dos
rendimentos.
A melhora do crédito dos mercados emergentes vem sendo recompensada por uma série de
melhoras na classificação de créditos. Muitos dos países agora
têm seus títulos classificados com
"grau de investimento", e a Fitch
tem perspectiva positiva sobre 13
deles, contra apenas três com
perspectivas negativas.
No entanto, alguns países, como
Brasil, Turquia e Hungria, continuam muito dependentes de captação de recursos no exterior.
David Riley, diretor-executivo
da Fitch, disse que a inversão de
papéis, na qual países mais pobres
financiam déficits de algumas das
maiores economias do mundo,
pode ter conseqüências imprevisíveis quando os desequilíbrios
começarem a se resolver.
Ele afirmou que "isso pode alimentar uma acentuada depreciação no dólar dos Estados Unidos,
o que alimentaria a inflação e forçaria à alta nas taxas de juros. Caso isso aconteça, o apetite mundial por investimento de risco cairia e os países devedores com dívidas mais elevadas teriam alta
acentuada no custo de captação".
Tradução de Paulo Migliacci
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