São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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Crise da Varig faz subir ações de TAM e Gol

Mesmo já tendo aumentado neste ano, papéis das duas aéreas devem ter ganhos com o desfecho do problema da concorrente

Papéis da Varig caíram quase 63% em um mês e podem "virar pó" se a aérea for à falência; mercado já aposta nas rivais

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A lenta agonia da Varig "fritou" as ações da empresa na Bovespa nos últimos 30 dias. Os papéis preferenciais (PN) desvalorizaram 62,8% entre os dias 23 de maio e a sexta-feira passada -o auge da crise da aérea- e podem "virar pó" se a empresa for à falência, dizem analistas.
Esperando um desfecho iminente para a crise da Varig, o mercado já está fazendo suas apostas nas duas companhias que deverão herdar o espólio da aérea: a TAM e a Gol. "São as duas empresas que têm condições de capturar os clientes da Varig", diz Jander Medeiros, analista do banco Pactual.
Ambas têm grandes frotas e uma malha de rotas com flexibilidade para fazer alterações e atender os clientes deixados pela Varig. A TAM tinha, em maio, 45,6% de participação no mercado doméstico de aviação; a Gol, 33,6%.
Apesar de terem portes diferentes, as duas operam com índices de ocupação semelhantes. A TAM voa com 27% dos assentos livres e a Gol, com 26%, diz Medeiros. "Mas, por ser maior do que a Gol, a TAM poderá absorver maior número de passageiros da Varig."
Embora as ações da TAM e da Gol já acumulem altas de 28,5% e de 16%, respectivamente, neste ano, os analistas consideram que ainda falta muito para esses papéis "precificarem" a ausência -ou a redução drástica- da participação da Varig no mercado. E recomendam a compra dos dois.

Dois cenários
Medeiros trabalha com dois cenários para estimar os resultados da TAM e da Gol e projetar os ganhos que os investidores podem ter com seus papéis. No primeiro cenário, a Varig continuaria operando em 2007, mas teria seu "market share" reduzido de 14,4%, em maio, para 11%.
Nesse cenário, o lucro da TAM em 2007 seria de R$ 802 milhões e o da Gol, de R$ 934 milhões. Pelos cálculos de Medeiros, o P/L (preço/lucro, indicador que mostra a relação entre o preço da ação e o lucro oferecido ao acionista) da TAM seria de 10,6 e o da Gol, de 16,4. Quanto menor o P/L, mais rápido é o retorno do acionista.
No caso de a Varig parar de voar, o lucro da TAM no ano que vem seria de R$ 1,277 bilhão -57% maior do que na projeção que considera a sobrevivência da aérea em 2007.
Nesse segundo cenário, ele calcula um P/L de 6,7 para a ação preferencial da TAM. Já a Gol teria lucro de R$ 1,258 bilhão e o P/L do papel seria de 12,2. "Por essa medida, o papel da TAM está muito barato", diz.
Medeiros calcula o preço alvo -valor que a ação pode atingir em 12 meses- da Gol em R$ 99, com potencial de alta de 42%, e o da TAM em R$ 108, o que significa ganho de 111% sobre os preços de sexta-feira.
Para Saulo Sabbá, diretor-executivo da Máxima Asset Management, a TAM é a que mais se beneficia com a crise da Varig e o desaparecimento da companhia. "Ela é maior em número de rotas, aeronaves, rotas internacionais e seus clientes têm o mesmo perfil dos da Varig", observa Sabbá.
Por ser uma empresa "mais barata" no mercado, seus papéis oferecem maiores oportunidades de ganhos. Enquanto o valor de mercado da TAM é de R$ 8,5 bilhões, o da Gol está em quase R$ 15 bilhões.
Mesmo assim, Sabbá recomenda a compra dos dois, pois ambos podem dar ganhos ao investidor. "Desde que não ocorra um novo período de aversão a mercados emergentes, o que faria esse papéis caírem, mas menos do que o Ibovespa."


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