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Crise da Varig faz subir ações de TAM e Gol
Mesmo já tendo aumentado neste ano, papéis das duas aéreas devem ter ganhos com o desfecho do problema da concorrente
Papéis da Varig caíram
quase 63% em um mês e
podem "virar pó" se a aérea
for à falência; mercado
já aposta nas rivais
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A lenta agonia da Varig "fritou" as ações da empresa na
Bovespa nos últimos 30 dias.
Os papéis preferenciais (PN)
desvalorizaram 62,8% entre os
dias 23 de maio e a sexta-feira
passada -o auge da crise da aérea- e podem "virar pó" se a
empresa for à falência, dizem
analistas.
Esperando um desfecho iminente para a crise da Varig, o
mercado já está fazendo suas
apostas nas duas companhias
que deverão herdar o espólio da
aérea: a TAM e a Gol. "São as
duas empresas que têm condições de capturar os clientes da
Varig", diz Jander Medeiros,
analista do banco Pactual.
Ambas têm grandes frotas e
uma malha de rotas com flexibilidade para fazer alterações e
atender os clientes deixados
pela Varig. A TAM tinha, em
maio, 45,6% de participação no
mercado doméstico de aviação;
a Gol, 33,6%.
Apesar de terem portes diferentes, as duas operam com índices de ocupação semelhantes. A TAM voa com 27% dos
assentos livres e a Gol, com
26%, diz Medeiros. "Mas, por
ser maior do que a Gol, a TAM
poderá absorver maior número
de passageiros da Varig."
Embora as ações da TAM e
da Gol já acumulem altas de
28,5% e de 16%, respectivamente, neste ano, os analistas
consideram que ainda falta
muito para esses papéis "precificarem" a ausência -ou a redução drástica- da participação da Varig no mercado. E recomendam a compra dos dois.
Dois cenários
Medeiros trabalha com dois
cenários para estimar os resultados da TAM e da Gol e projetar os ganhos que os investidores podem ter com seus papéis.
No primeiro cenário, a Varig
continuaria operando em
2007, mas teria seu "market
share" reduzido de 14,4%, em
maio, para 11%.
Nesse cenário, o lucro da
TAM em 2007 seria de R$ 802
milhões e o da Gol, de R$ 934
milhões. Pelos cálculos de Medeiros, o P/L (preço/lucro, indicador que mostra a relação
entre o preço da ação e o lucro
oferecido ao acionista) da TAM
seria de 10,6 e o da Gol, de 16,4.
Quanto menor o P/L, mais rápido é o retorno do acionista.
No caso de a Varig parar de
voar, o lucro da TAM no ano
que vem seria de R$ 1,277 bilhão -57% maior do que na
projeção que considera a sobrevivência da aérea em 2007.
Nesse segundo cenário, ele
calcula um P/L de 6,7 para a
ação preferencial da TAM. Já a
Gol teria lucro de R$ 1,258 bilhão e o P/L do papel seria de
12,2. "Por essa medida, o papel
da TAM está muito barato", diz.
Medeiros calcula o preço alvo -valor que a ação pode atingir em 12 meses- da Gol em R$
99, com potencial de alta de
42%, e o da TAM em R$ 108, o
que significa ganho de 111% sobre os preços de sexta-feira.
Para Saulo Sabbá, diretor-executivo da Máxima Asset
Management, a TAM é a que
mais se beneficia com a crise da
Varig e o desaparecimento da
companhia. "Ela é maior em
número de rotas, aeronaves,
rotas internacionais e seus
clientes têm o mesmo perfil dos
da Varig", observa Sabbá.
Por ser uma empresa "mais
barata" no mercado, seus papéis oferecem maiores oportunidades de ganhos. Enquanto o
valor de mercado da TAM é de
R$ 8,5 bilhões, o da Gol está em
quase R$ 15 bilhões.
Mesmo assim, Sabbá recomenda a compra dos dois, pois
ambos podem dar ganhos ao investidor. "Desde que não ocorra um novo período de aversão
a mercados emergentes, o que
faria esse papéis caírem, mas
menos do que o Ibovespa."
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