São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2006

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Decisão sobre juros dos EUA ameaça elevar turbulências

Fed deve elevar taxa básica no país para 5,25% ao ano

DA REPORTAGEM LOCAL

A reunião do Fed, o banco central dos Estados Unidos, será o evento mais importante da semana. Analistas e investidores esperam ansiosos pelo resultado do encontro.
A taxa básica de juros norte-americana está em 5% anuais. A expectativa predominante é a de que a taxa seja elevada para 5,25% anuais.
O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed, na sigla em inglês) se reunirá para anunciar, na quinta-feira, como ficam os juros no país. Mais do que a decisão em si, a nota que o Fed costuma divulgar após as reuniões, comentando a decisão, é que deve mexer com o mercado financeiro.
Além disso, nos próximos dias haverá divulgação de índices de inflação ao consumidor norte-americano, dados que podem sacudir os negócios no mercado internacional.
Desde o dia 10 de maio, quando aconteceu a última reunião do Fed, o mercado financeiro global vive um período de forte turbulência. As Bolsas de Valores têm caído em diferentes partes do mundo, com os investidores vendendo ações e comprando, principalmente, títulos da dívida do Tesouro norte-americano.
Nesse cenário turbulento, os países emergentes -como o Brasil- são os que mais têm sofrido, com investidores vendendo seus ativos (como ações e títulos da dívida).
A Bolsa de Valores de São Paulo, por exemplo, divulgou na semana passada que o saldo mensal dos negócios de estrangeiros chegou ao dia 20 de junho negativo em R$ 2,29 bilhões. Em todo o mês de maio, esse balanço havia ficado negativo em R$ 1,51 bilhão.
Como conseqüência, a Bovespa teve perdas acumuladas de 17,4% entre o dia 9 de maio e a última sexta-feira.
Mas há quem tenha sofrido mais que o Brasil. A Turquia, que já realizou uma elevação extra de juros no começo deste mês para tentar conter a fuga de estrangeiros, anunciou na sexta-feira que realizaria uma reunião extraordinária de seu Banco Central para discutir a recente crise.
Na sexta, a Turquia já havia tomado decisões que não mudaram muito o panorama negativo de seu mercado. Naquele dia, além de comprar dólares, anunciou a redução da alíquota de imposto destinado a estrangeiros que operam no mercado do país de 15% para 10%.
"Se na semana [passada] o mercado ficou órfão de dados econômicos dos EUA, na próxima [nesta] eles não faltarão. Tem revisão do PIB, índice de inflação de consumo (PCE), que é o usado como parâmetro para as decisões do Fed, além da reunião do Fomc, que decidirá o rumo dos juros básicos norte-americanos", afirma Kelly Trentin, analista da corretora SLW. "Assim, fica muito difícil traçar uma tendência para a semana, até porque a decisão do Fomc só sairá na quinta-feira", completa.
Na semana passada, com o mercado internacional um pouco menos turbulento, a Bovespa registrou valorização acumulada de 0,76%.
"A ausência de dados importantes, tanto globais quanto locais, proporcionou uma semana mais tranqüila para Bolsa de Valores de São Paulo. Com o fundamento e os bons resultados corporativos prevalecendo, o Ibovespa registrou leve recuperação, após acumular fortes perdas nos últimos 40 dias", avaliam os analistas da Link Corretora.
"O principal foco da semana será a decisão do Fed sobre a nova taxa de juros dos EUA. A expectativa do mercado é de um aumento de 0,25 ponto percentual, no entanto não dá para saber o quanto disso já está precificado", completa a Link.


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