São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Apesar de câmbio, saldo comercial deve ser recorde

Projeções apontam para US$ 20 bi no 1º semestre, contra US$ 19,5 bi em 2006

Aumento no preço das commodities exportadas pelo Brasil explica saldo num período em que o real subiu 9,4% ante o dólar

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Por causa dos altos preços das commodities, o saldo da balança comercial brasileira contrariou as expectativas iniciais de queda em razão do câmbio valorizado e fechará em US$ 20,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo previsão da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Um pouco mais otimista, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) estima um superávit de US$ 20,3 bilhões. No mesmo período de 2006, o saldo havia sido de US$ 19,545 bilhões.
Se as previsões se realizarem, o saldo do primeiro semestre será recorde histórico, surpreendente num cenário de forte queda do dólar e de expansão das importações, dizem especialistas. O real subiu 9,4% desde janeiro ante o dólar.
Ontem, o Ministério do Desenvolvimento divulgou o saldo da balança comercial na quarta semana de junho -US$ 998 milhões. No acumulado do ano, chega a R$ 19,577 bilhões.
Para o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, os resultados são "surpreendentemente positivos" graças aos altos preços das commoditties no mercado internacional. "Ninguém poderia imaginar no final de 2006 que o preço da soja disparasse nem que o petróleo atingisse o nível que está."
Edgar Pereira, do Iedi, também atribuiu o melhor desempenho da balança "ao boom nos preços das commodities". Ressalta, porém, que as exportações de alguns produtos industrializados foram prejudicadas pelo câmbio. "Muitos setores perderam competitividade."
É o bom desempenho das exportações de petróleo (alta de 42,3% até maio), minério de ferro (33,4%) e soja (34,3%) que explica o forte saldo.
Segundo Castro, as commodities não são afetadas pelo câmbio, mas sim pelo aquecimento da economia global. "Enquanto a economia mundial estiver indo bem, as exportações de produtos básicos vão crescer. Mas ficamos mais sujeitos a crises externas", avalia.
De acordo com Pereira, as cotações dos produtos básicos subiram porque a economia americana se desacelerou menos do que o previsto e a chinesa se manteve bastante aquecida.
Castro disse ainda que, além dos preços, os volumes exportados de produtos básicos também cresceram e puxaram as exportações. O principal efeito do câmbio, diz, nota-se no aumento das importações, que cresceram num ritmo mais intenso (26% de janeiro até a terceira semana de junho) do que as vendas externas (20,8%).
"Muitos produtores estão importando mais e buscando fornecedores no exterior para se manterem competitivos e continuarem exportando. Basta ver que, neste ano, a cada mês 400 ingressam na lista de importadoras. É o caso de autopeças, por exemplo", disse.
Tal comportamento explica a expansão de 27,3% das importações de bens intermediários (insumos) de janeiro a maio.

Perspectivas
Foi tão surpreendente a retomada dos preços das commodities que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão ligado ao Ministério do Planejamento) revisou sua projeção inicial do saldo da balança de US$ 37,2 bilhões em dezembro de 2006 para US$ 44 bilhões. Em 2006, o superávit foi de US$ 44,8 bilhões.
A AEB estima um superávit entre US$ 40 bilhões e US$ 45 bilhões, mas mais perto do teto. O Iedi projeta um saldo em torno de US$ 42 bilhões.


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