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Apesar de câmbio, saldo comercial deve ser recorde
Projeções apontam para US$ 20 bi no 1º semestre, contra US$ 19,5 bi em 2006
Aumento no preço das commodities exportadas pelo Brasil explica saldo num período em que o real subiu 9,4% ante o dólar
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa dos altos preços
das commodities, o saldo da balança comercial brasileira contrariou as expectativas iniciais
de queda em razão do câmbio
valorizado e fechará em US$
20,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo previsão da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil).
Um pouco mais otimista, o
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial)
estima um superávit de US$
20,3 bilhões. No mesmo período de 2006, o saldo havia sido
de US$ 19,545 bilhões.
Se as previsões se realizarem,
o saldo do primeiro semestre
será recorde histórico, surpreendente num cenário de
forte queda do dólar e de expansão das importações, dizem
especialistas. O real subiu 9,4%
desde janeiro ante o dólar.
Ontem, o Ministério do Desenvolvimento divulgou o saldo da balança comercial na
quarta semana de junho -US$
998 milhões. No acumulado do
ano, chega a R$ 19,577 bilhões.
Para o vice-presidente da
AEB, José Augusto de Castro,
os resultados são "surpreendentemente positivos" graças
aos altos preços das commoditties no mercado internacional.
"Ninguém poderia imaginar no
final de 2006 que o preço da soja disparasse nem que o petróleo atingisse o nível que está."
Edgar Pereira, do Iedi, também atribuiu o melhor desempenho da balança "ao boom nos
preços das commodities". Ressalta, porém, que as exportações de alguns produtos industrializados foram prejudicadas
pelo câmbio. "Muitos setores
perderam competitividade."
É o bom desempenho das exportações de petróleo (alta de
42,3% até maio), minério de
ferro (33,4%) e soja (34,3%)
que explica o forte saldo.
Segundo Castro, as commodities não são afetadas pelo
câmbio, mas sim pelo aquecimento da economia global.
"Enquanto a economia mundial estiver indo bem, as exportações de produtos básicos vão
crescer. Mas ficamos mais sujeitos a crises externas", avalia.
De acordo com Pereira, as cotações dos produtos básicos subiram porque a economia americana se desacelerou menos do
que o previsto e a chinesa se
manteve bastante aquecida.
Castro disse ainda que, além
dos preços, os volumes exportados de produtos básicos também cresceram e puxaram as
exportações. O principal efeito
do câmbio, diz, nota-se no aumento das importações, que
cresceram num ritmo mais intenso (26% de janeiro até a terceira semana de junho) do que
as vendas externas (20,8%).
"Muitos produtores estão
importando mais e buscando
fornecedores no exterior para
se manterem competitivos e
continuarem exportando. Basta ver que, neste ano, a cada
mês 400 ingressam na lista de
importadoras. É o caso de autopeças, por exemplo", disse.
Tal comportamento explica a
expansão de 27,3% das importações de bens intermediários
(insumos) de janeiro a maio.
Perspectivas
Foi tão surpreendente a retomada dos preços das commodities que o Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada,
órgão ligado ao Ministério do
Planejamento) revisou sua projeção inicial do saldo da balança
de US$ 37,2 bilhões em dezembro de 2006 para US$ 44 bilhões. Em 2006, o superávit foi
de US$ 44,8 bilhões.
A AEB estima um superávit
entre US$ 40 bilhões e US$ 45
bilhões, mas mais perto do teto.
O Iedi projeta um saldo em torno de US$ 42 bilhões.
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