São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Países têm proposta alternativa para Doha

Latino-americanos e asiáticos oferecem mais concessões das nações em desenvolvimento que na proposta brasileira

Segundo a proposta, todos os membros da OMC precisam ceder terreno nas negociações da Rodada Doha, sobre comércio global

DA ASSOCIATED PRESS

Um grupo de países latino-americanos e asiáticos membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) propôs ontem um "meio-termo" nas negociações para liberalizar o comércio de produtos manufaturados -um sinal de que os países em desenvolvimento podem estar se afastando do Brasil e da Índia.
A proposta, obtida pela Associated Press, pede mais concessões tanto dos países ricos quanto dos pobres, como parte dos esforços para se alcançar um novo pacto comercial global, e surge poucos dias depois que as negociações entre as quatro maiores potências da OMC sobre a eliminação de barreiras às importações agrícolas e industriais fracassaram na Alemanha.
Assinada por Chile, Colômbia, Costa Rica, Hong Kong, México, Peru, Cingapura e Tailândia, a oferta abriria os mercados industriais no mundo em desenvolvimento a uma maior concorrência estrangeira do que as propostas feitas na semana passada pelo Brasil e pela Índia.
As duas potências emergentes foram duramente criticadas pelos Estados Unidos e pela União Européia por se recusarem a oferecer novas oportunidades de mercado para exportações de manufaturados. Os governos de Índia e Brasil atribuíram o impasse à relutância dos Estados Unidos em reduzir os bilhões de dólares que pagam anualmente em subsídios agrícolas.
"Os prejuízos e ganhos cessantes associados ao fracasso de congelar [a Rodada Doha] superam em muito os custos de um acordo, mesmo que imperfeito", disse a proposta dos oito membros da OMC.
"Chegou a hora de todos os membros mostrarem a flexibilidade necessária para concluir as negociações até o início de 2008 no máximo", afirma o documento obtido pela agência de notícias. "O tempo está se esgotando, por isso encorajamos outros membros a demonstrarem suas próprias flexibilidades nos próximos dias."
Segundo a proposta, todos os membros da OMC precisam ceder terreno nas negociações sobre comércio global. As negociações visam acrescentar bilhões de dólares à economia mundial e tirar milhões de pessoas da pobreza por meio de novos fluxos de comércio.
Os oito membros da OMC disseram que sua oferta foi "apresentada supondo um equilíbrio geral entre todas as áreas [da Rodada Doha], especialmente a agricultura".
A nova proposta se aproximaria mais das demandas americanas e européias, pedindo que os países em desenvolvimento aceitem um número "na faixa próxima de 20". Ela pede que os países ricos vão além do número de 10 que estão exigindo.
Sob a fórmula complexa usada pela OMC para determinar os cortes de tarifas comerciais, um número menor corresponde a cortes maiores e maior acesso ao mercado para os exportadores.


Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES


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