São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Cosan lança ação em NY de olho nos EUA

Líder do setor sucroalcooleiro quer arrecadar até US$ 2 bi com ADRs e pode comprar unidades no maior mercado do mundo

Capital novo deve ser usado para projetos em Goiás e São Paulo; empresa está na mira da ADM, gigante do agronegócio americano

DA REDAÇÃO

Após criar musculatura nos últimos anos, quando englobou várias unidades produtoras, a Cosan, líder nacional no setor sucroalcooleiro, deve desembarcar em breve no mercado americano. A entrada da líder brasileira no principal mercado consumidor de álcool pode ocorrer tanto pelo estabelecimento de unidades na América Central como nos EUA.
Para concretizar o objetivo e modernizar ainda mais as 17 unidades produtoras que já incorporam o grupo, a Cosan pretende arrecadar de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões no mercado americano com o lançamento de ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) na Bolsa de Nova York. A operação deve ser concluída em dois meses.
Essa melhora de desempenho interno e avanço para outros mercados visam inibir as investidas de compra de outras líderes mundiais do agronegócio, como a gigante americana ADM, que já sinalizou interesse em adquirir a Cosan.
A Cosan quer se tornar uma multinacional do álcool, a exemplo do que ocorreu com o Friboi, líder nacional em carne bovina que adquiriu uma das principais processadoras de carne dos EUA, a Swift.
Grande parte do dinheiro arrecadado pela Cosan será usado no Brasil, para o desenvolvimento do projeto de álcool chamado "greenfield", em Goiás. Deve consumir US$ 650 milhões e produzir 900 milhões de litros de álcool por ano. Outros US$ 500 milhões devem ir para o aumento da capacidade das usinas em São Paulo.
Serão reservados, ainda, pelo menos US$ 325 milhões para a expansão do programa de co-geração de energia, além de outros US$ 100 milhões para mecanização da colheita.
Os investimentos internos vão permitir à empresa elevar de 40 milhões para 60 milhões a moagem de cana-de-açúcar.
Para negociar seus papéis em Nova York, a Cosan decidiu criar uma nova empresa, com sede nas Bermudas, a Cosan Limited. Ela controlará 51% da brasileira Cosan S.A., que terá aberto seu capital. Os novos papéis serão lançados simultaneamente nos EUA, sob forma de ADR, e no Brasil, como BDR (Brazilian Depositary Receipts). Mais tarde, os papéis da brasileira poderão ser convertidos ou em ADR ou em BDR.
Serão criados dois tipos de papéis, os classe A e os classe B -ambos com o mesmo valor. A diferença é que os papéis classe B foram criados especificamente para Rubens Ometto, controlador da companhia, e terão peso de 10 votos dos papéis classe A. Se um dia Ometto vendê-los -ou mesmo em caso de sucessão- os papéis voltam a ser classe A.
A escolha pelos papéis com diferentes peso de voto permite que Ometto controle a empresa mesmo com um capital menor em relação aos demais acionistas. A opção representa um avanço em relação à emissão de papéis ON (ordinários, com direito a voto) e PN (preferenciais, sem direito a voto), como acontece na maioria das empresas abertas brasileiras, já que todos os papéis têm voto garantido e receberão a mesma oferta em caso de mudança de controle.
Vale lembrar que, quando a Cosan abriu o capital, em 2005, a empresa entrou direto no Novo Mercado da Bovespa, em que são lançadas apenas ações ON, e que zela pela transparência e respeito ao acionista minoritário. (MZ e TS)


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