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Cosan lança ação em NY de olho nos EUA
Líder do setor sucroalcooleiro quer arrecadar até US$ 2 bi com ADRs e pode comprar unidades no maior mercado do mundo
Capital novo deve ser usado para projetos em Goiás e São Paulo; empresa está na mira da ADM, gigante do agronegócio americano
DA REDAÇÃO
Após criar musculatura nos
últimos anos, quando englobou
várias unidades produtoras, a
Cosan, líder nacional no setor
sucroalcooleiro, deve desembarcar em breve no mercado
americano. A entrada da líder
brasileira no principal mercado
consumidor de álcool pode
ocorrer tanto pelo estabelecimento de unidades na América
Central como nos EUA.
Para concretizar o objetivo e
modernizar ainda mais as 17
unidades produtoras que já incorporam o grupo, a Cosan pretende arrecadar de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões no mercado americano com o lançamento de ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) na Bolsa de
Nova York. A operação deve ser
concluída em dois meses.
Essa melhora de desempenho interno e avanço para outros mercados visam inibir as
investidas de compra de outras
líderes mundiais do agronegócio, como a gigante americana
ADM, que já sinalizou interesse
em adquirir a Cosan.
A Cosan quer se tornar uma
multinacional do álcool, a
exemplo do que ocorreu com o
Friboi, líder nacional em carne
bovina que adquiriu uma das
principais processadoras de
carne dos EUA, a Swift.
Grande parte do dinheiro arrecadado pela Cosan será usado no Brasil, para o desenvolvimento do projeto de álcool chamado "greenfield", em Goiás.
Deve consumir US$ 650 milhões e produzir 900 milhões
de litros de álcool por ano. Outros US$ 500 milhões devem ir
para o aumento da capacidade
das usinas em São Paulo.
Serão reservados, ainda, pelo
menos US$ 325 milhões para a
expansão do programa de co-geração de energia, além de outros US$ 100 milhões para mecanização da colheita.
Os investimentos internos
vão permitir à empresa elevar
de 40 milhões para 60 milhões
a moagem de cana-de-açúcar.
Para negociar seus papéis em
Nova York, a Cosan decidiu
criar uma nova empresa, com
sede nas Bermudas, a Cosan Limited. Ela controlará 51% da
brasileira Cosan S.A., que terá
aberto seu capital. Os novos papéis serão lançados simultaneamente nos EUA, sob forma
de ADR, e no Brasil, como BDR
(Brazilian Depositary Receipts). Mais tarde, os papéis da
brasileira poderão ser convertidos ou em ADR ou em BDR.
Serão criados dois tipos de
papéis, os classe A e os classe B
-ambos com o mesmo valor. A
diferença é que os papéis classe
B foram criados especificamente para Rubens Ometto,
controlador da companhia, e
terão peso de 10 votos dos papéis classe A. Se um dia Ometto
vendê-los -ou mesmo em caso
de sucessão- os papéis voltam
a ser classe A.
A escolha pelos papéis com
diferentes peso de voto permite
que Ometto controle a empresa
mesmo com um capital menor
em relação aos demais acionistas. A opção representa um
avanço em relação à emissão de
papéis ON (ordinários, com direito a voto) e PN (preferenciais, sem direito a voto), como
acontece na maioria das empresas abertas brasileiras, já
que todos os papéis têm voto
garantido e receberão a mesma
oferta em caso de mudança de
controle.
Vale lembrar que, quando a
Cosan abriu o capital, em 2005,
a empresa entrou direto no Novo Mercado da Bovespa, em
que são lançadas apenas ações
ON, e que zela pela transparência e respeito ao acionista minoritário.
(MZ e TS)
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