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Mais usinas
decidem que
abrirão capital
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há pelo menos seis usinas
prontas para lançar suas
ações na Bolsa da Valores de
São Paulo e "outras tantas"
vêm se dedicando ao assunto, mas ainda têm à frente
"um longo dever de casa a fazer", garante Eduardo Pereira de Carvalho, que deixa esta semana a presidência da
Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo). "O mercado internacional está ávido por papéis dessa natureza", afirma.
Recém-empossado na presidência da entidade, Marcos
Jank confirma a informação.
"A abertura [de capital] é um
movimento inexorável. É um
novo paradigma que vem
sendo quebrado. Fico contente de que tenha sido a Cosan a sair na frente, porque o
Rubens [Ometto, presidente
do grupo] sempre teve visão
pioneira e muito inovadora."
Há hoje apenas duas empresas do setor sucroalcooleiro no país com capital
aberto -a Cosan e a São
Martinho, que lançou suas
ações há cerca de três meses.
Em conversa com a imprensa na sede da Unica ontem, Jank afirmou ser uma
das prioridades de sua gestão
a abertura de escritórios em
pelo menos três regiões estratégicas para a realização
de lobby institucional: Bruxelas (Bélgica), Washington
(EUA) e Ásia.
No continente asiático,
três países receberão atenção especial por diferentes
motivos, afirmou Jank.
O Japão, porque já anunciou que terá uma política de
mistura de álcool à gasolina.
A China, devido ao altíssimo
nível de poluição, que tende a
piorar, e terá de investir em
combustíveis renováveis. E a
Índia, por ser um grande
produtor de açúcar e o maior
competidor do setor com o
Brasil, e que ainda não produz álcool. "Queremos que
eles façam álcool e parem
com o açúcar", diz Jank.
Como exemplo de empresas brasileiras que já possuem escritórios no exterior,
ele cita a Embraer e a Gerdau, presentes em Washington. "Pessoalmente, acho
importante termos essa presença física. A tarifa de álcool
americana acabou de ser renovada por um período
maior -é um exemplo da importância de acompanhar o
dia-a-dia nesses mercados."
Doha, uma decepção
Sobre o fracasso das negociações em Doha, Jank afirmou ter sido "uma decepção
enorme". "Vínhamos trabalhando desde 2003. Ficamos
decepcionados com o governo, que usou o setor agrícola
para não fazer concessões tarifárias na área industrial."
Para ele, foram muitos os
culpados, não só o Brasil. "A
culpa foi de todo o G4: Brasil,
Estados Unidos, Europa e
Índia. O Brasil queria um
corte maior dos subsídios e
endureceu demais a negociação; os europeus ofereceram
cotas irrisórias, impossíveis
de serem aceitas; a Índia,
porque queria um mecanismo de salvaguarda que aumentasse a proteção de maneira absurda, e o Brasil não
podia permitir, uma vez que
a Índia é um dos mercados a
serem explorados em breve."
Jank reforça a idéia de que
o Brasil ajudará a desenvolver um mercado internacional estável de álcool. "Não
queremos ser a Arábia Saudita do álcool. Será a mistura
do álcool à gasolina que puxará o crescimento do mercado, não o carro flex."
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