São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Mais usinas decidem que abrirão capital

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há pelo menos seis usinas prontas para lançar suas ações na Bolsa da Valores de São Paulo e "outras tantas" vêm se dedicando ao assunto, mas ainda têm à frente "um longo dever de casa a fazer", garante Eduardo Pereira de Carvalho, que deixa esta semana a presidência da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo). "O mercado internacional está ávido por papéis dessa natureza", afirma.
Recém-empossado na presidência da entidade, Marcos Jank confirma a informação. "A abertura [de capital] é um movimento inexorável. É um novo paradigma que vem sendo quebrado. Fico contente de que tenha sido a Cosan a sair na frente, porque o Rubens [Ometto, presidente do grupo] sempre teve visão pioneira e muito inovadora."
Há hoje apenas duas empresas do setor sucroalcooleiro no país com capital aberto -a Cosan e a São Martinho, que lançou suas ações há cerca de três meses.
Em conversa com a imprensa na sede da Unica ontem, Jank afirmou ser uma das prioridades de sua gestão a abertura de escritórios em pelo menos três regiões estratégicas para a realização de lobby institucional: Bruxelas (Bélgica), Washington (EUA) e Ásia.
No continente asiático, três países receberão atenção especial por diferentes motivos, afirmou Jank.
O Japão, porque já anunciou que terá uma política de mistura de álcool à gasolina. A China, devido ao altíssimo nível de poluição, que tende a piorar, e terá de investir em combustíveis renováveis. E a Índia, por ser um grande produtor de açúcar e o maior competidor do setor com o Brasil, e que ainda não produz álcool. "Queremos que eles façam álcool e parem com o açúcar", diz Jank.
Como exemplo de empresas brasileiras que já possuem escritórios no exterior, ele cita a Embraer e a Gerdau, presentes em Washington. "Pessoalmente, acho importante termos essa presença física. A tarifa de álcool americana acabou de ser renovada por um período maior -é um exemplo da importância de acompanhar o dia-a-dia nesses mercados."

Doha, uma decepção
Sobre o fracasso das negociações em Doha, Jank afirmou ter sido "uma decepção enorme". "Vínhamos trabalhando desde 2003. Ficamos decepcionados com o governo, que usou o setor agrícola para não fazer concessões tarifárias na área industrial."
Para ele, foram muitos os culpados, não só o Brasil. "A culpa foi de todo o G4: Brasil, Estados Unidos, Europa e Índia. O Brasil queria um corte maior dos subsídios e endureceu demais a negociação; os europeus ofereceram cotas irrisórias, impossíveis de serem aceitas; a Índia, porque queria um mecanismo de salvaguarda que aumentasse a proteção de maneira absurda, e o Brasil não podia permitir, uma vez que a Índia é um dos mercados a serem explorados em breve."
Jank reforça a idéia de que o Brasil ajudará a desenvolver um mercado internacional estável de álcool. "Não queremos ser a Arábia Saudita do álcool. Será a mistura do álcool à gasolina que puxará o crescimento do mercado, não o carro flex."


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