São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Polêmica sobre hidrelétrica chega à Espanha

Um representante das comunidades ribeirinhas do rio Madeira conseguiu "furar" a reunião anual do conselho de acionistas do Santander, na Espanha, no fim de semana passado, para fazer denúncia contra o licenciamento da usina hidrelétrica de Santo Antônio.
O espanhol Santander participa do consórcio vencedor que construirá as usinas e responde por 20% do financiamento das obras, orçadas em US$ 9 bilhões. Na reunião, a RedeBrasil, ONG presidida por Luis Novoa Garzon, professor da Universidade Federal de Rondônia, diz ter conseguido que Emilio Botín, presidente mundial do Santander, montasse uma equipe para avaliar as denúncias.
Segundo Garzon, no projeto, o consórcio vencedor subestimou as indenizações e reduziu o total de famílias afetadas pela inundação para construção da barragem de 3.000 para 760.
Marcos Madureira, diretor de comunicação do Santander para a América Latina, afirma que o banco irá apurar as denúncias feitas por Garzon. "O Santander jamais permitirá que aconteça algo fora dos parâmetros legais," diz. "O banco se comprometeu a analisar essas questões."
Garzon também diz que o consórcio estaria fazendo pressão para que as famílias aceitem as indenizações. "Querem chegar ao Ibama com os acordos fechados para acelerar a liberação da licença de instalação da usina", diz Garzon. "O processo de licenciamento ambiental está sub judice e uma articulação desse tipo poderia direcionar as investigações."
A participação de Garzon no encontro anual se deveu a uma manobra entre acionistas do Santander que pressionam o banco a adotar uma posição socioambiental correta. Para isso, cederam seu direito a voz.
O objetivo é não só forçar o banco a assinar os Princípios do Equador (que obrigam instituições financeiras a só liberar financiamentos a projetos ecologicamente responsáveis) como criar entre os acionistas uma consciência ambiental.
Essa posição se reforçou com a compra do ABNAmro Real, que obedece a padrões da sustentabilidade. Com a aquisição, ainda não está clara qual será a política predominante, especialmente no Brasil. Em resposta, o Santander diz ter uma política socioambiental rígida.
O ABN tornou-se conhecido por ter uma das políticas mais rigorosas na concessão de crédito, recusando financiamentos a grupos cujos projetos apresentam problemas nos licenciamentos ambientais.
Os acionistas espanhóis teriam se surpreendido com as notícias, segundo Garzon. As intervenções dos ambientalistas estão na ata da reunião e Botín pediu ao secretário do conselho, Ignacio Benjumea, que separasse as posições de ONGs das considerações dos acionistas que levantam polêmicas sobre impactos do projeto.

Crédito a empresa puxa expansão

A evolução do crédito, que cresce mais para as empresas do que para os consumidores, mostra que a economia está voltada para a expansão do investimento, e não para o avanço do consumo, segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
O avanço do crédito para as empresas foi de 32,8% em maio. Para as famílias, o volume foi de 15,1%, em tendência de baixa. As indústrias foram um dos setores mais beneficiados, com alta de 30,9%. "Isso demonstra que a indústria está produzindo ou investindo mais, o que significa maior oferta na economia", diz Julio Gomes de Almeida, do Iedi.
A posição do instituto é que os resultados amenizam a preocupação com a inflação, pois o que cresce é o crédito que amplia a oferta na economia.

CHURRASCO
A declaração de Reinhold Stephanes (Agricultura) de que, com a forte demanda mundial por carne, o país deve ir devagar com a retomada de vendas à UE desagradou a Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Abiec (exportadores de carne). "Não podemos abandonar esse mercado", diz Giannetti. "Tem de ver o que o exportador quer."

ELETRÔNICO
A família Staub, da Gradiente, estaria, agora, interessada em vender o controle da empresa, segundo o "Financial Times". A empresa, neste ano, chegou a ter ações suspensas na Bolsa, por ameaças de falência.

TORRADO
O restaurante Eça, da H. Stern, lançou um café com blend da fazenda Turmalin, no cerrado mineiro.

NA GAROA

Especializada em serviços financeiros para importação e exportação, a Falcon abre seu primeiro escritório no Brasil, em São Paulo. No ano passado, os contratos firmados pela multinacional no mundo chegaram a US$ 1 bilhão. Com sede em Londres, a Falcon quer oferecer financiamento tanto a operações de importação quanto de exportação para empresas brasileiras. Daniel Issa, diretor da Falcon no Brasil, diz que há muito espaço para esse tipo de operação em comércio exterior no país. "Em um ano, queremos chegar a uma carteira de US$ 100 milhões no país", diz.

INVESTIMENTO
Segundo a Fundação Coge, que reúne empresas públicas e privadas do setor elétrico, os investimentos estimados pelas companhias em geração, transmissão e distribuição nos próximos dez anos chegam a R$ 218 bilhões. A previsão é a de que o consumo passe dos 330 TWh registrados em 2006 para 611 TWh em 2016.


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