São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Cortes equivalem ao aumento salarial dado ao funcionalismo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ajuste de despesas anunciado ontem corresponde exatamente ao valor do pacote de aumentos salariais para o funcionalismo público editado há pouco mais de um mês pelo governo Lula.
Os servidores, cujos sindicatos estão entre as principais bases políticas do PT, receberão benefícios que somarão R$ 7,6 bilhões em despesas adicionais neste ano -o equivalente à diferença entre os R$ 8,2 bilhões em despesas reduzidas e os R$ 600 milhões em novas despesas previstas.
Trata-se de uma coincidência reveladora das opções adotadas pelo Palácio do Planalto: embora os investimentos, em particular os do PAC, tenham sido transformados na principal bandeira do segundo mandato do presidente, são as despesas permanentes com pessoal e programas sociais que permanecem intocáveis e em crescimento contínuo.
O pacote de reajustes para os funcionários públicos repetiu o lançado no ano eleitoral de 2006, quando as despesas com a folha de pagamento tiveram o maior crescimento desde o Plano Real. Desta vez, aproveitou-se o crescimento surpreendente da arrecadação federal, apesar da extinção da CPMF.
É graças aos sucessivos recordes da receita tributária e à incapacidade de executar integralmente os investimentos previstos que o governo pode se comprometer com um superávit primário maior neste ano, mesmo com elevação das principais despesas, com pessoal e previdência -a alta dos benefícios do Bolsa Família tem impacto orçamentário quase imperceptível.
No ajuste orçamentário de ontem, por exemplo, foi anunciada a redução de gastos de R$ 2,2 bilhões em "créditos extraordinários". Em bom português, são despesas criadas por medidas provisórias, destinadas a investimentos e que não puderam ser realizadas desde o ano passado.
Sem cumprir integralmente os investimentos previstos, o governo federal já viabilizou um superávit primário de 4,23% do PIB nos 12 meses encerrados em abril, considerando União, Estados, municípios e estatais. É praticamente a mesma meta anunciada como novidade ontem. (GUSTAVO PATU)


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