São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Shell mostra interesse em investir no álcool de cana

Petrolífera quer participar do setor de biocombustíveis

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A gigante do petróleo Shell está interessada em investir na sua alternativa, o biocombustível. Segundo o diretor de tecnologia da empresa, Jan van der Eijk, o álcool brasileiro tem todas as vantagens para torná-lo um investimento atraente.
"É claro que estamos interessados em álcool de cana", disse. "Acreditamos que tem a correta vantagem econômica e ambiental e é possível produzir de maneira sustentável."
Van der Eijk disse que a empresa quer participar "ativamente" do mercado de biocombustíveis. De acordo com ele, o Brasil tem todas as condições para se firmar como a grande base de produção, não apenas a partir de cana, mas de outras fontes, como celulose.
Segundo ele, a Shell quer aumentar a exploração de petróleo em certas regiões, e que "a costa do Brasil é certamente uma delas". Ele prevê que o petróleo vai elevar o status internacional do Brasil. "Com as descobertas, o Brasil vai ter um papel cada vez mais importante", disse ele.
O executivo da Shell não foi o único a elogiar o álcool brasileiro. Entre as personalidades do mundo da diplomacia e dos negócios convidados pela fundação do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, para discutir "o lado humanitário" das mudanças climáticas, o combustível de cana foi absolvido.
O presidente mundial da Coca-Cola, Muhtar Kent, disse que o álcool de cana leva vantagem em termos econômicos e ambientais sobre os demais biocombustíveis. Elogiou o desempenho econômico do Brasil e disse que o país é um dos mercados de maior crescimento da Coca-Cola no mundo.
Para o Nobel da Paz Rajendra Pachauri, presidente do IPCC (painel da ONU para o clima), tudo indica que o álcool de cana é sustentável. "Pelo menos é o que parece", disse o indiano. Ele se mostrou preocupado com o desmatamento da Amazônia, mas não quis atribuí-lo ao avanço do álcool.
Javier Solana, chefe da diplomacia da União Européia, lançou o conceito de "soberania responsável" para definir o compromisso de cada país com o clima do mundo. Indagado como isso se aplicaria à Amazônia, Solana disse que as mudanças climáticas são um desafio que poderá ser vencido apenas com a ajuda de todos. "Todos a bordo", disse Solana, "mas com responsabilidades variadas".


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