São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Indústria maior cresce ainda mais

Em 2006, empresas com mais funcionários concentravam 60% da produção, diz IBGE

Dez anos antes, essa participação era de 48,7%; domínio pertence a 764 companhias, apenas 0,5% de um total de 155 mil

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Megaindústrias com mais de mil empregados ganharam força. O peso delas no valor da transformação industrial (espécie de PIB do setor) subiu de 48,7% em 1996 para 60% em 2006, segundo a Pesquisa Anual Industrial do IBGE. Em 2000, o percentual era 53,8%.
Em 2006, esse grupo contava só com 764 companhias -0,5% do total de 155 mil indústrias. No emprego, a participação delas também avançou -de 29,4% em 1996 para 27,2% em 2000 e 31,9% em 2006.
Segundo Isabella Nunes, gerente da pesquisa do IBGE, as grandes empresas passaram por forte reestruturação nos anos 90, reduzindo custos e cortando empregos. Aumentaram a produtividade num ritmo mais acelerado e tomaram espaço das firmas de menor porte. No período de 1996 a 2000, o emprego nas companhias maiores caiu 4,2%. De 2000 a 2006, subiu 48,9%.
"As empresas maiores se beneficiaram mais da maior estabilidade da economia a partir de 2000, com juros em queda e inflação sob controle. Elas ganharam mais capacidade para investir e, por serem mais abertas ao exterior, aproveitaram mais o crescimento das exportações", disse Nunes.
No setor de refino de petróleo e produção de álcool, as companhias com mais de mil empregados representavam, em 2006, 95,4% do valor da transformação industrial -a diferença entre o valor bruto da produção e os custos. No de fumo, o percentual era de 89,8%.
Pelos critérios do IBGE, também são consideradas grandes empresas aquelas com mais de 250 funcionários. Nesse grupo mais amplo, estavam 2,2% do total de companhias. Esse contingente produzia 78,9% do valor de transformação do setor em 2006 e empregava 50% da força de trabalho da indústria -de 6,8 milhões de pessoas.
Em 2006, o "PIB industrial" (valor da transformação) chegou a R$ 555 bilhões. O faturamento somou R$ 1,3 trilhão, segundo o IBGE.

Menos salário
As megaindústrias com mais de mil funcionários também pagavam mais: 5,7 salários mínimos (R$ 2.366, em valores de 2008), acima da remuneração média de todo o setor industrial -4 salários (R$ 1.660).
Pelos dados, fica clara uma aparente contradição: os ramos que mais geram postos de trabalho são, em geral, os que pior remuneram seus empregados.
As indústrias de alimentos e bebidas e a de vestuário lideravam a participação no emprego -21% e 7,7%, respectivamente. Estavam entre as que pagavam os piores salários -2,9 e 1,7 mínimo, respectivamente.
Segundo Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, as atividades que empregam mais utilizam processos produtivos mais tradicionais e menos inovadores. Por isso, demandam mais mão-de-obra.


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