São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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BC dos EUA encerra ciclo de cortes na taxa de juros

Número é mantido em 2% após 7 reduções seguidas; cresce preocupação com inflação

Apesar de a preocupação com a alta da inflação ter se ampliado, Fed não indica se pretende aumentar juros na próxima reunião, em agosto

DA REDAÇÃO

O Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) manteve em 2% a taxa de juros básica dos Estados Unidos, como já era esperado, encerrando o ciclo de cortes iniciado em setembro do ano passado. No documento divulgado após a reunião, a entidade aumentou os alertas sobre a inflação, mas não sinalizou se poderá voltar a subir os juros já no próximo encontro, em agosto.
Após sete reduções consecutivas, o Fed suspendeu um ciclo que começou no início da crise das hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento) e levou a taxa de juros ao seu menor nível desde novembro de 2004. Um dos motivos dos cortes foi tornar o dinheiro mais barato para os consumidores (assustados com a turbulência nos mercados financeiros), tentando impedir que a principal economia mundial entrasse em recessão.
Um dos efeitos dos cortes nos juros, no entanto, foi a desvalorização do dólar, que hoje é vista como uma das razões para o aumento na cotação do petróleo. Os preços de energia são uma das grandes preocupações do BC dos Estados Unidos.
Uma das novidades do documento de ontem em relação ao do encontro do final de abril é a maior ênfase na inflação. O Fed diz esperar agora que a "inflação se modere no final deste ano e no próximo ano" -antes, ele falava que isso deveria acontecer nos "próximos trimestres". A nota de ontem diz ainda que aumentaram os riscos e as expectativas de inflação, mas que diminuíram os riscos para a diminuição do crescimento. Esse trecho não constava no documento de abril.
O CPI (índice de preços ao consumidor americano) teve aumento de 0,6% em maio. Se forem descontados os custos dos setores de alimentos e energia, itens considerados mais voláteis, o indicador teve alta de 0,2% no mês passado, sinalizando que esses aumentos, especialmente o dos combustíveis, ainda não se espalhou para o resto da economia dos EUA.
Apesar do aumento nas preocupações com a inflação, o documento não sinaliza se o Fed pretende aumentar a taxa de juros na próxima reunião. A decisão de ontem foi aprovada por 9 dos 10 dirigentes -apenas Richard Fisher votou a favor de um aumento. Na reunião de abril, quando o BC dos EUA reduziu os juros de 2,25% para 2%, Fisher e um outro colega, Charles Plosser, votaram pela manutenção da taxa.

Crescimento
O preço de energia também é citado no documento como um dos fatores que que devem ter impacto negativo no crescimento da economia nos próximos trimestres, ao lado do aperto no crédito e da contração no setor imobiliário (que já apareciam na nota de abril). O mercado financeiro, de acordo com o Fed, "continua sob estresse considerável", mas já não deve "pesar" na expansão econômica.
Um dos pontos positivos da nota é que o banco central dos Estados Unidos fala que os dados sinalizam que a atividade econômica deixou de estar fraca e agora "continua a se expandir". O crescimento "reflete parcialmente alguma solidez" nos gastos das famílias. Os gastos dos consumidores representam cerca de 70% do PIB norte-americano.
O crescimento econômico e o controle da inflação são as duas principais tarefas do Fed. No primeiro trimestre do ano, o PIB dos Estados Unidos se expandiu em 0,9% na taxa anualizada (0,3 ponto percentual a mais que no quarto trimestre do ano passado), superando a expectativa de analistas. Os dados finais do PIB norte-americano de janeiro a março serão divulgados hoje.


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