São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Dólar fecha abaixo de R$ 1,60 pela 1ª vez desde 99; Bovespa sobe 2,6%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar rompeu ontem o piso de R$ 1,60, após testar esse patamar por vários pregões seguidos. A baixa de 0,69% registrada ontem levou o dólar a R$ 1,592, mais baixo valor desde 20 de janeiro de 1999, quando a moeda encerrou cotada a exatos R$ 1,59. O recuo da moeda americana diante do real no ano já alcança os 10,41%.
O mercado financeiro operou ontem atento à esperada reunião do Fed (o banco central dos EUA), que manteve os juros americanos em 2% anuais, como projetavam os analistas. Na nota emitida após o encontro de política monetária, o Fed mostrou que segue preocupado com as pressões inflacionárias e o fraco crescimento da economia.
As Bolsas de Valores encontraram terreno para se recuperar um pouco de suas recentes perdas. A Bovespa esteve entre as que mais subiram e encerrou com valorização de 2,63%. Em Wall Street, o índice Dow Jones, que chegou a subir quase 1% em seu melhor momento, fechou com leve ganho de 0,04%. A Nasdaq teve melhor sorte e subiu 1,39%.
A Bolsa de Frankfurt subiu 1,25%, e a de Londres teve ganhos de 0,56%.
No Brasil, os investidores também estiveram atentos ao relatório trimestral de inflação. No documento, o BC elevou sua previsão para o IPCA no ano, de 4,6% para 6% -o que gerou pressão sobre os juros futuros.
Com o atual cenário de indesejável alta dos preços, não é esperado pelos analistas que o Banco Central tome qualquer atitude mais radical para frear a apreciação do real. É que o dólar barato significa um ponto de pressão a menos sobre a inflação. De sua parte, o BC tem se limitado a adquirir dólares, praticamente todos os dias, das instituições financeiras.
Para Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas no Brasil, "não adianta o BC querer lutar contra a tendência do câmbio". Lintz avalia que não é exagero esperar que o dólar desça a R$ 1,55 em breve. "E lá pelo fim do ano, a moeda deve estar oscilando entre R$ 1,55 e R$ 1,60."
O dólar também tem visto seu valor derreter no exterior. Nas operações de ontem, encerrou em queda de 0,67% diante do euro -que passou a valer US$ 1,5676.
O enfraquecimento da divisa americana fez com que, no Brasil, voltasse a ser negociada nos mesmos patamares do período da crise cambial, que fez o governo liberar as cotações da moeda em janeiro de 99.
Se a Bovespa voltar a atrair o capital externo, o câmbio poderá ter uma nova motivação para aprofundar sua atual rota. Neste mês, o saldo dos estrangeiros na Bolsa está fortemente negativo em R$ 7,17 bilhões até o dia 23. Os investidores mais têm vendido que comprado ações.
Segundo operadores, os estrangeiros voltaram a comprar ações com mais força ontem.
Entre as grandes companhias, se destacaram no pregão de ontem as ações PNA da Usiminas (5,31% de alta) e as ON do Banco do Brasil (5,11%).
As ações da Embratel Participações, que passaram a ter um volume reduzido de transações após seu controlador adquirir em 2006 grande parte dos papéis em circulação, dispararam 33,57% (ON) e 28,15% (PN).
Em comunicado ao mercado, a empresa afirmou desconhecer "qualquer ato ou fato relacionado" à companhia que possa justificar a elevação.

Juros maiores
A preocupação com a inflação pressionou as taxas de juros mais longas na BM&F. No contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence em janeiro de 2010, o mais negociado, a taxa subiu de 14,76% a 14,80%.
Com o temor de que o risco inflacionário não vai se dissipara tão cedo, o mercado pode elevar ainda mais suas projeções para a taxa básica Selic, que está em 12,25%, para o fim do ano. Na última pesquisa semanal, que o BC realiza com os bancos e divulga toda segunda, a previsão era que a Selic estará em 14,25% no fim do ano.


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