São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Petrobras paralisa investimentos no país

DE CARACAS

Na contramão do aumento dos investimentos brasileiros, a Petrobras praticamente paralisou os planos de expansão na Venezuela. Dos cinco projetos previstos na "aliança estratégica" com a estatal PDVSA, assinada em fevereiro de 2005, nenhum foi implementado e pelo menos dois estão descartados.
O principal era a participação de 40% da Petrobras no campo de petróleo Carabobo 1, em contrapartida à sociedade na refinaria de Pernambuco, onde a PDVSA teria a mesma porcentagem. Em dezembro, a empresa brasileira informou que só tinha interesse em participar de 10% -e mesmo essa porcentagem ainda não é certa.
O projeto de recuperação pela empresa brasileira de cinco campos maduros da PDVSA, tampouco saiu do papel.
A área de gás está igualmente sem avanços. No ano passado, a Petrobras desistiu do campo Mariscal Sucre, que abasteceria o Gasoduto do Sul, megaprojeto que está na geladeira. A alegação foi de que as reservas ainda não estão provadas.
A Petrobras devolveu o bloco 5 da plataforma Deltana, da "aliança estratégica". Segundo a Folha apurou, havia dúvidas sobre a viabilidade comercial.
O único projeto que pode sair do papel na área do gás é o bloco Moruy 2. A empresa tem desde 2005 os direitos de exploração, com a japonesa Teikoku, mas ainda não perfurou nenhum poço de exploração.
A Petrobras iniciou suas atividades no país em 1994, quando adquiriu a Perez Companc da Venezuela, de capital argentino. Hoje, tem cerca de 80 funcionários e produz em média 14,1 mil barris de petróleo por dia. Desde 2006, por causa da legislação nacionalista de Chávez, passou a sócia minoritária da PDVSA das quatro empresas em que tem participação.
Para o analista de petróleo Jorge Piñón, da Universidade de Miami, o fracasso nas negociações se deve às dificuldades encontradas pela Petrobras, que ele considera bem administrada e com orientação de mercado, em se associar à politizada PDVSA de Chávez.
Para Piñón, as recentes descobertas de petróleo no Brasil influenciaram. "A Petrobras já não tem mais tanta pressão e pode negociar de um ponto de vista mais vantajoso."
Ao longo das últimas duas semanas, a reportagem solicitou uma entrevista com o diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, mas não obteve resposta. (FM)


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