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Juro recua nos empréstimos, mas "spread" ainda resiste
Para empresas, "spread" atual é maior que em 2008
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados nos empréstimos bancários caíram pelo sexto mês seguido em maio e
já se encontram, em boa parte
das linhas de crédito disponíveis, abaixo do nível observado
antes do agravamento da crise,
no último trimestre do ano passado. O chamado "spread" bancário, por sua vez, continua em
níveis elevados.
No mês passado, segundo levantamento do Banco Central,
a taxa média praticada pelas
instituições financeiras ficou
em 37,9% ao ano, nível mais
baixo desde maio do ano passado. A queda foi mais pronunciada entre as pessoas físicas, segmento em que o custo de um
empréstimo foi de 47,3% ao
ano, ante, por exemplo, 48,8%
anuais registrados em abril e
58,3% em novembro de 2008.
Entre as empresas, a situação
é um pouco diferente. Entre
abril e maio, os juros sofreram
pouca alteração, passando de
28,8% ao ano para 28,5%. A taxa é praticamente igual aos
28,3% ao ano praticados em setembro do ano passado, quando a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers
marcou o início da fase mais
crítica da crise.
O "spread" bancário, por sua
vez, tem sofrido pouca alteração. "Spread" é o nome dado à
diferença entre os juros que os
bancos pagam para quem aplica seu dinheiro neles e a taxa
cobrada pelas instituições para
repassar esse mesmo dinheiro
para quem precisa de um empréstimo.
No mês passado, esse
"spread" estava, na média, em
28,1 pontos percentuais. Isso
significa que os bancos pagavam juros de 9,8% ao ano para
seus aplicadores e cobravam,
na outra ponta, 37,9% ao ano de
seus devedores.
Nas operações com empresas, o "spread" ainda se encontra acima do patamar observado no ano passado. Em setembro de 2008, ele estava em 14,7
pontos percentuais, e no mês
passado havia subido para 18,7
pontos.
Isso significa que a redução
dos juros ocorrida nos últimos
meses reflete quase que exclusivamente a queda da taxa Selic, que colabora para a redução
do custo de captação dos bancos. Entre janeiro e maio, o
Banco Central reduziu os juros
básicos da economia de 13,75%
ao ano para 10,25% ao ano. Há
duas semanas, um novo corte
colocou a taxa em 9,25% ao
ano, nível em que se encontra
atualmente.
O "spread" existe para cobrir
custos que os bancos têm com,
por exemplo, salários de funcionários, manutenção de
agências e pagamentos de impostos. Uma fatia dele também
serve para cobrir prejuízos causados por inadimplência e para
reforçar o lucro das instituições
financeiras.
Os bancos alegam que o recente aumento do "spread" é
reflexo da elevação dos índices
de inadimplência.
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