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Recorde, abertura de capital da VisaNet levanta R$ 8,4 bi
Processo, o maior do mundo no ano, supera o da OGX e ainda pode chegar a R$ 9,7 bi; estreia de ações na Bolsa será na segunda
Oferta foi marcada pela
exclusão de 23 corretoras, o
que limitou o acesso de até
50 mil pequenos investidores,
segundo projeção do mercado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à crise financeira, a
VisaNet conclui ontem a maior
operação de abertura de capital
na Bolsa já feita no país. A empresa levantou ao menos
R$ 8,397 bilhões com a venda
de suas ações ao mercado. Até
então, a maior operação havia
sido da OGX Petróleo, do empresário Eike Batista, que obteve R$ 6,711 bilhões há um ano.
Maior IPO (oferta inicial de
ações) em curso neste ano no
mundo, a captação da VisaNet
pode chegar a até R$ 9,673 bilhões se os controladores venderem também os lotes suplementares, o que é comum nessas operações. Segundo a consultoria Dealogic, é o 14º maior
IPO no mundo desde 2006.
Diferentemente da maioria
das aberturas de capital, quando a empresa usa os recursos
para investir no negócio, todo o
dinheiro levantado vai para os
controladores, os bancos Bradesco (com 39,3% do capital),
Banco do Brasil (31,63%) e
Santander (14,87%), que ainda
continuarão na empresa.
Com a forte procura de investidores nacionais e estrangeiros, as ações foram vendidas
por R$ 15 cada uma, o teto previsto. A expectativa é que os estrangeiros tenham ficado com
até 80% das ações.
Os investidores de varejo ficaram com pelo menos 10%.
Não foi divulgado se houve rateio, como aconteceu nas operações da BM&F e da Bovespa.
Maior processadora de cartões do Brasil, a VisaNet detém
a exclusividade da bandeira Visa, a mais aceita, para o credenciamento de estabelecimentos
comerciais. A empresa tem
46,8% do mercado, que girou
R$ 375,4 bilhões em 2008.
A Visa International, que
também abriu seu capital no
ano passado, tinha 10% da VisaNet, participação vendida no
processo de IPO.
No ano passado, a VisaNet
teve de abortar sua ideia de
abrir o capital por conta da crise. Após 64 aberturas de capital
em 2007, a Bolsa só teve quatro
operações em 2008.
Com o sucesso da operação
da VisaNet, o mercado espera
uma retomada dos processos
de IPO no país. No momento,
nenhuma empresa tem pedido
de registro de companhia aberta em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
As ações da VisaNet devem
estrear na Bolsa na próxima segunda-feira.
Varejo frustrado
O IPO da VisaNet foi marcado pela exclusão de 23 das 79
corretoras intermediadoras da
operação, o que reduziu em pelo menos 50 mil o número de
investidores pessoa física interessados em participar, segundo estimativas do mercado.
Os pedidos feitos nessas corretoras foram cancelados.
As corretoras foram excluídas pelo Bradesco BBI, coordenador da oferta, por suposta
propaganda irregular. O banco
temia que a CVM pudesse suspender todo o processo porque
algumas corretoras enviaram
e-mails a clientes e divulgaram
a operação sem passar pelo crivo da autarquia. Diante da frustração de uma parcela do varejo, o BBI decidiu ampliar em
mais um dia o prazo final para o
investidor pessoa física procurar outra corretora ou aderir a
um fundo de investimento.
O problema com as corretoras reacendeu o debate sobre a
comunicação no mercado. Segundo Guilherme Benchimol,
diretor-geral da XP Investimentos, sua corretora foi descredenciada por ter enviado
um e-mail alertando sobre datas e procedimentos da reserva.
O e-mail, no entanto, foi interpretado como publicidade
sem passar pela CVM, o que teria motivado o descredenciamento da XP. A corretora contra-argumentou dizendo que se
tratava apenas de um alerta e
citou várias outras concorrentes que teriam feito o mesmo.
Pensando em um potencial
dano à operação, o Bradesco
BBI decidiu então por descredenciar outras 19 corretoras no
último dia de reserva, implicando o cancelamento dos pedidos da clientela. "A sensação
é que demos um tapinha e levamos um tiro de escopeta", disse
Benchimol. O Bradesco não
quis comentar o assunto.
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