São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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MÁQUINAS
Desempenho registrado entre janeiro e maio foi o pior dos últimos dez anos; queda em relação a 97 foi de 1,6%
Indústria de bens de capital reduz vendas

ISABEL CLEMENTE
em São Paulo

O faturamento das indústrias de bens de capital entre janeiro e maio foi o pior dos últimos dez anos, segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Juntas, as empresas do setor venderam US$ 6,2 bilhões, uma queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Abimaq constatou que houve uma redução de 2,5% no volume de investimentos da indústria nacional na aquisição de máquinas e equipamentos no período.
Nem o aumento das exportações, de 6,3%, compensou o desempenho do setor. Para Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq, os investimentos estão sendo adiados por conta da crise asiática.
"A indústria de base só investe se tiver um horizonte de funcionamento, o que não acontece com toda essa instabilidade. A máquina tem que operar para se pagar."
Desemprego
O resultado dessa freada nos investimentos foi a redução de 7.000 postos de trabalho, registrada nos cinco primeiros meses do ano, segundo a Abimaq. Em maio, as indústrias de bens de capital estavam empregando 173 mil pessoas.
Ao divulgar o balanço do setor, que inclui dados de 1.300 indústrias, Magalhães disse que a crise asiática tem agravado as perdas trazidas pela abertura comercial.
Trata-se de um fato, em parte, relacionado com o desequilíbrio fiscal a que ficam sujeitas as indústrias brasileiras, sobrecarregadas por impostos em cascata.
O governo pretende resolver o assunto com a reforma tributária. A Abimaq diz que há soluções que podem ser adotadas já, via medidas provisórias.
Reivindicando igualdade de condições, Magalhães diz que não são precisos subsídios para o segmento se tornar competitivo.
Apesar de não ter uma estatística, o presidente da Abimaq diz que muitos fabricantes têm perdido concorrências internacionais de empresas públicas brasileiras, em setores onde têm alguma tradição, devido à carga fiscal.
Juros altos e câmbio sobrevalorizado, segundo o presidente da associação, também prejudicam. "Mas a estabilidade da economia é mais importante."
O crescimento verificado nas exportações de máquinas e equipamentos, segundo Magalhães, é fruto do esforço feito pelo setor em se tornar competitivo.
As vendas externas, que chegaram a US$ 4 bilhões em 97, cresceram quatro vezes nos últimos dez anos, "mas poderia ter sido melhor". A perspectiva da Abimaq para o segundo semestre é de uma pequena reação.



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