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CONJUNTURA
Ritmo forte preocupa
Economia dos EUA cresce 5,4% ao ano
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
O PIB (Produto Interno Bruto)
dos EUA cresceu, no primeiro trimestre deste ano, a uma taxa
anual de 5,4%, demonstrando um
ritmo da economia norte-americana muito mais rápido do que era
esperado. Isso representa um
crescimento real do PIB de US$
95,7 bilhões no primeiro trimestre, contra um crescimento de
US$ 66 bilhões no último trimestre de 97.
A estimativa inicial divulgada
pelo Departamento do Comércio
dos EUA era de 4,8% de aumento.
Ontem pela manhã, foi divulgado
um ajuste desse valor para 5,4%.
A diferença, de acordo com o
Departamento de Comércio, deve-se ao fato de que o déficit comercial norte-americano, afetado
pela crise na Ásia, não foi tão deteriorado quanto se esperava.
As exportações caíram 1,2% e
não 3%, e as importações aumentaram 17,1% e não 17,7%. Os gastos do governo recuaram 18,6%, a
maior dos últimos três anos.
A taxa de crescimento do PIB de
5,4% no primeiro trimestre do
ano está entre os maiores crescimentos trimestrais dos últimos 15
anos. A economia cresceu a uma
taxa anual de 6% entre abril e junho de 1996 e outubro e dezembro
de 87 e a 6,4% entre abril e junho
de 84.
Desta vez, o crescimento foi impulsionado pelo aumento de 6%
no consumo de produtos e serviços, o maior dos últimos seis anos,
aumento de 26,4% nos investimentos de empresas em novos
equipamentos, o maior em mais
de 14 anos, e por investimentos no
setor de construções, que subiram
a uma taxa de 16,9%, a maior em
quase dois anos.
Além disso, o estoque de produtos não vendidos atingiu o recorde
de US$ 105,7 bilhões, muito mais
do que o esperado. Sem esse aumento, o crescimento da economia no primeiro trimestre do ano
teria atingido 3,7% ao ano.
A discussão ontem entre os analistas nos EUA era sobre até que
ponto uma notícia considerada
boa pode vir a se tornar ruim. Ou
seja, até que ponto o crescimento
anunciado ontem vai alterar a política que vem sendo mantida pelo
Federal Reserve (banco central
dos EUA) quanto a juros. A expectativa é que não haverá alteração.
De acordo com os analistas, o
Fed deu sinal suficiente na semana
passada de que está preocupado
com a crise na Ásia, interferindo
no mercado de câmbio a favor do
iene. Assim, não iria alterar sua taxa de juros agora e provocar com
isso o caos na Ásia, provocando
uma fuga de investimentos para os
EUA e a saída da Rússia, do Japão
e dos países do Sudeste Asiático.
Além disso, a expectativa é que a
taxa de crescimento diminua no
segundo semestre.
"Existe a preocupação de que,
se a economia continuar crescendo fortemente, aumentará a pressão sobre o Fed para aumentar a
taxa de juros. Mas não acredito
que isso deve" acontecer, disse
Carlos Guimarães, analista do
banco Lehman Brothers.
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