São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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MERCADO FINANCEIRO
Efeito Rússia faz Bolsa de SP cair 3,32%

da Reportagem Local

As incertezas com relação à Rússia deprimiram os mercados internacionais de títulos da dívida externa, derrubando a Bolsa de Valores de São Paulo (fechou em baixa de 3,32%) e os preços dos contratos futuros na BM&F.
A nova valorização do dólar em relação ao iene aumentou as expectativas de um aprofundamento da crise asiática e afastou ainda mais os investidores dos chamados mercados emergentes.
No início do dia, a Bolsa de Valores de São Paulo estava em alta, animada com a melhoria de FHC nas pesquisas eleitorais, com a vitória do governo com os cruzados bloqueados e com a redução da taxa básica de juros de 21,75% ao ano para 21%. O Banco Central interveio duas vezes e tomou dinheiro por um dia a 20,80% e a 20,75% ao ano, sinalizando uma redução ainda maior nos juros. A Bolsa chegou a apresentar alta de 1,24%.
Foi no pregão eletrônico, das 13h às 14h, que os preços das ações começaram a cair por causa do mercado de títulos da dívida externa. Os temores de atraso na ajuda do FMI à Rússia cresceram e foi divulgada a notícia de que as reservas internacionais do país caíram de US$ 15,7 bilhões para US$ 14,7 bilhões entre os dias 12 e 19.
Os boatos sobre a venda de mais eurobônus russos também deprimiram os mercados. Os US$ 2,5 bilhões de eurobônus vendidos recentemente já tiveram queda de cerca de 5 pontos. A alta de juros no Chile contribuiu para piorar o cenário para os emergentes.
O título da dívida externa russa chamado Principal despencou. A diferença entre os juros pagos por esse papel e pelos títulos do Tesouro dos EUA chegou a 1,40 ponto, patamar maior do que na crise asiática. Os C-bonds, da dívida externa brasileira, foram derrubados junto, passando de 75% de seu valor de face para 73,5625%.
Os contratos futuros na BM&F, que, após realização de lucros, estavam quase estáveis no início da tarde, acabam afetados pelo pessimismo. Os contratos para vencimento em setembro fecharam projetando juros de 23,62% ao ano (22,97% anteontem).
O BC vendeu R$ 500 milhões de títulos com correção cambial com taxas médias de 12,40% ao ano. Os bancos pagaram ágio de R$ 0,0034 por título, na média, para ficar com os R$ 8 bilhões de títulos de juros pós-fixados.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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