São Paulo, Sábado, 26 de Junho de 1999
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DEBATE
Desestruturação da economia em quatro anos é abordada em livro de Conceição Tavares
"FHC arruína país em tempo recorde"

da Reportagem Local

A economia do Brasil foi desmantelada em quatro anos e meio, uma velocidade que só perde para a observada na Rússia, que quebrou em três anos.
A avaliação foi feita pela economista Maria da Conceição Tavares durante o debate "Brasil: dois pesos e duas medidas", realizado anteontem no Fórum FNAC, com a participação de Luiz Gonzaga Belluzzo, professor de economia da Unicamp.
O debate, promovido pela Folha, a Editora Record e a FNAC, marcou o lançamento do livro de Conceição Tavares, "Destruição Não Criadora", que enfoca, entre outras questões, a desindustrialização do país decorrente da abertura às importações e suas consequências sobre o nível de emprego.
Para a economista, "a destruição" deve continuar nos próximos três anos e meio de mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. "A dívida já ultrapassou o produto (Produto Interno Bruto, produção de riquezas do país) e isso não é sustentável", disse a economista e ex-deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro.
"Passamos de um modelo primário-exportador para primata-importador", disse Gonzaga Belluzzo, referindo-se à liberalização das importações sem a criação de salvaguardas para a indústria nacional.
Segundo o professor da Unicamp, o país ainda tem raio de manobra. E citou os casos da China e da Índia, que não foram afetados pela crise financeira internacional porque não se comprometeram com a abertura do mercado como o Brasil.
"Enquanto não houver controle de capitais não tem como impedir a volatilidade dos mercados financeiros", disse Belluzzo.
A saída para o país estaria. para Conceição Tavares, em três medidas básicas. A primeira, seria fazer "os ricos pagarem os impostos". Isso teria de ser realizado por meio de um plebiscito, uma vez que a economista não acredita que o atual Congresso possa aprovar o imposto sobre fortunas.
A segunda medida seria a adoção de políticas públicas voltadas aos pobres, para corrigir a situação de miséria de boa parte da população. Por fim, ela defende a criação de um imposto sobre o consumo aparente.


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