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LUÍS NASSIF
Como montar a
diplomacia comercial
Atenção, Itamaraty: há vida comercial inteligente,
ainda que escassa, na diplomacia brasileira. Mirem-se no
exemplo que vem de Washington.
No curto espaço de tempo em
que está à frente da principal
embaixada brasileira, o atual
embaixador Rubens Barbosa
trouxe algo inédito para a diplomacia comercial: uma estratégia de abordagem comercial no
principal mercado do mundo.
No mês de abril, de país quase
desconhecido da mídia americana, o Brasil conseguiu pelo
menos dez reportagens substantivas. Hoje a cobertura que merece é maior do que a de todos os
países europeus, com exceção do
Reino Unido.
Trata-se de uma iniciativa
isolada, que provavelmente não
terá continuidade se não se incorporar às práticas do Itamaraty. Mas vale a pena conhecer
seus detalhes.
Para levar a cabo sua tarefa
de colocar o Brasil no mapa
americano, Barbosa desenvolveu sua estratégia a partir de
duas constatações. A primeira, a
de que o Legislativo americano
é mais influente até que o inglês
e mais receptivo que o Executivo, desde que abordado da maneira correta. E a maneira correta é sensibilizá-lo para os interesses que os Estados têm no
Brasil.
Em cima desse enfoque, a embaixada mapeou as exportações
americanas para o Brasil, Estado por Estado. Definiu inicialmente dez Estados prioritários
para iniciar sua ação diplomática. Um ano depois, o levantamento foi ampliado para 20 Estados.
De posse do mapa, Barbosa
passou a visitar os Estados, a falar com governadores, câmaras
de comércio, empresas, dando
palestras sobre oportunidades
de investimento no Brasil e estimulando a criação de câmaras
do comércio. Ao cabo dessas rodadas, setores influentes nos Estados passaram a entender por
que o Brasil era importante para seus negócios. De outro lado,
foi montada uma série de seminários com os assessores parlamentares, figuras influentes no
Congresso americano.
Depois, passou a atuar sobre
outros setores formadores de
opinião. Na área acadêmica, a
embaixada levantou US$ 1,6
milhão para a criação de centros de estudos de problemas
brasileiros. Hoje em dia há um
centro de estudos em Georgetown, outro na Woodrow Wilson Center, outro em Columbia.
Além disso, criou uma empresa
privada, a Brazil Information
Center Inc., para atender demanda de empresas brasileiras
sobre temas de comércio. Tipo
como fazer um "road show",
preparar um panfleto, um contrato, conseguir um representante comercial. É um escritório
pequeno, com duas funcionárias e uma secretária, trabalhando em total autonomia e
com estreito contato com a embaixada.
Finalmente, com recursos do
Itamaraty a embaixada preparou um "kit Brasil" para 50 mil
professores, em um universo de
1,5 milhão de alunos. Para o
próximo ano, a embaixada prepara o grande momento, com o
produto mais conhecido do Brasil: a música. Em 2002 completam-se 40 anos do histórico concerto no Carnegie Hall que lançou a bossa nova nos EUA.
Oportunamente trarei mais
da visão de Rubens Barbosa sobre um dos desafios essenciais
do país: como montar sua diplomacia comercial.
Espírito Santo
No final da campanha eleitoral de 1998, o candidato eleito
do Espírito Santo, José Ignácio,
foi alvo da acusação de ter recebido uma doação eleitoral por
meio do Banestes, o banco oficial, até então dirigido pelo PT.
Aqui da coluna o defendi por
uma razão simples: se houvesse
algo irregular na doação, que
foi registrada no TRE (Tribunal
Regional Eleitoral), seria o cúmulo da ingenuidade fazer o depósito em um banco sob direção
dos seus adversários de campanha e com bancários simpatizantes do PT. Na época, a coluna foi utilizada pelo governador
para se defender das acusações.
Agora, o acúmulo de denúncias contra Ignácio, a demissão
de sua própria mulher, a admissão de culpa por parte do seu
próprio cunhado, a comprovação de que o cunhado era responsável pela quitação de compromissos do governador não
dão muita margem a dúvidas:
faria melhor para seu Estado se
José Ignácio renunciasse e desculpas pelo que fez.
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail - lnassif@uol.com.br
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