São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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GLOBALIZAÇÃO

Países em desenvolvimento dizem que não aceitarão rodada de negócios se ricos não reduzirem incentivos

Proposta acaba com subsídios agrícolas

DA REDAÇÃO

Os países em desenvolvimento, reunidos em Genebra (Suíça), afirmaram que vão recusar qualquer acordo sobre uma nova rodada de negócios, a menos que as potências mundiais se comprometam com o fim dos subsídios agrícolas. O Comitê de Agricultura da OMC (Organização Mundial de Comércio) encerrou ontem uma reunião de três dias, onde se debateram propostas para reduzir os subsídios.
"O Brasil não pode aceitar uma rodada com uma agenda limitada sobre agricultura", disse o secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro de Camargo Neto, que chefiou a comitiva brasileira.
Um grupo de 18 países (formado entre outros por Brasil, Austrália, Canadá e Indonésia) formulou uma proposta de corte de subsídios. O texto foi enviado ao Comitê de Agricultura da OMC.
Eles sugeriram reduzir imediatamente os subsídios para a exportação de aproximadamente metade dos produtos. O restante seria eliminado num prazo de três anos para os países ricos e em seis anos para os pobres.
Um outro grupo de países, entre eles o Peru e a Venezuela, sugeriu a redução de incentivos progressivamente, ao longo de três anos, a partir do momento em que as negociações se encerrarem. Mas países ricos, como o Japão, disseram que em certas circunstâncias, como condições climáticas adversas, o Estado precisa intervir, dando alguma ajuda para garantir o abastecimento.
Segundo os países em desenvolvimento, apoiados por Canadá e Austrália, os EUA e a União Européia querem centrar as discussões em torno de produtos industrializados, caso haja uma nova rodada sobre tarifas internacionais.
Para Camargo Neto, não se pode repetir o erro da Rodada Uruguai (1986-93). Segundo o negociador brasileiro, o resultado daquele acordo sobre tarifas acabou beneficiando os países desenvolvidos. "Nós [os países em desenvolvimento" abrimos nossos mercados para eles. Mas eles mantiveram um injusto sistema de subsídios", afirmou
Ao contrários dos manifestantes antiglobalização, Camargo Neto defendeu a liberalização econômica. "Para todos os países em desenvolvimento, a exportação de produtos agrícolas é fundamental para o progresso, para combater a pobreza, criando empregos. Assim os países ricos terão mercados confiáveis para seus produtos", afirmou o secretário. "Os países desenvolvidos precisam entender isso."
Durante o encontro do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), pouco foi oferecido aos países em desenvolvimento. Os líderes defenderam a globalização como forma de desenvolvimento, mas esses mesmos países têm generosas políticas de incentivos aos seus produtores rurais.


Com agências internacionais



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