São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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FUGA

País perde US$ 4 bi no ano

Crise tira do Uruguai status de paraíso fiscal

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A crise e as desconfianças que afetam o sistema bancário latino-americano no primeiro semestre estão tirando do Uruguai o status de ""paraíso fiscal".
Nos seis primeiros meses deste ano, o sistema financeiro uruguaio perdeu US$ 4,476 bilhões, segundo dados do Banco Central do país. Somente em junho, a perda foi de US$ 544 milhões.
Os dados, oficiais, confirmam suspeitas de que especialmente os argentinos estariam recorrendo às economias guardadas nos bancos uruguaios, como alternativa para compensar os depósitos retidos pelo ""corralito".
Outra motivação teria também vínculo com a retenção de depósitos na Argentina: o temor de que o Uruguai passe pela mesma situação, o que levaria os argentinos, precavidos, a sacar seu dinheiro do país vizinho.
Tradicionalmente, o Uruguai é, literalmente, um porto seguro para o dinheiro de argentinos e gaúchos. No caso dos argentinos, em momentos de crise a alternativa de Montevidéu requeria apenas atravessar o rio da Prata, que separa a capital uruguaia de Buenos Aires. Para atrair ainda mais os poupadores e correntistas, o sistema financeiro uruguaio oferece ainda uma série de vantagens, que incluem sigilo quanto ao nome do depositante.
No dia 30 de junho, os depósitos em moeda estrangeira eram de US$ 9,155 bilhões. A perda, em relação a valores anteriores, foi de 32,84%.
Segundo analistas do sistema financeiro, julho deverá apresentar novamente uma intensa saída de depósitos, em razão das incertezas que atingem a economia local -no início desta semana, o ministro da Economia teve de ser substituído, em razão de exigências feitas dentro da coalizão governista.
Maio, com uma saída de US$ 1,378 bilhão, foi o mês em que o fenômeno de retirada de depósitos atingiu seu pico. Isso ocorreu justamente após uma série de protestos que incluíram greves gerais e ""panelaços" em todo o país. Em abril, as retiradas haviam sido de US$ 633 milhões; em março, de US$ 732 milhões; em fevereiro, de US$ 1,222 bilhão.



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