|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUGA
País perde US$ 4 bi no ano
Crise tira do Uruguai status de paraíso fiscal
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A crise e as desconfianças que
afetam o sistema bancário latino-americano no primeiro semestre
estão tirando do Uruguai o status
de ""paraíso fiscal".
Nos seis primeiros meses deste
ano, o sistema financeiro uruguaio perdeu US$ 4,476 bilhões,
segundo dados do Banco Central
do país. Somente em junho, a perda foi de US$ 544 milhões.
Os dados, oficiais, confirmam
suspeitas de que especialmente os
argentinos estariam recorrendo
às economias guardadas nos bancos uruguaios, como alternativa
para compensar os depósitos retidos pelo ""corralito".
Outra motivação teria também
vínculo com a retenção de depósitos na Argentina: o temor de que
o Uruguai passe pela mesma situação, o que levaria os argentinos, precavidos, a sacar seu dinheiro do país vizinho.
Tradicionalmente, o Uruguai é,
literalmente, um porto seguro para o dinheiro de argentinos e gaúchos. No caso dos argentinos, em
momentos de crise a alternativa
de Montevidéu requeria apenas
atravessar o rio da Prata, que separa a capital uruguaia de Buenos
Aires. Para atrair ainda mais os
poupadores e correntistas, o sistema financeiro uruguaio oferece
ainda uma série de vantagens, que
incluem sigilo quanto ao nome do
depositante.
No dia 30 de junho, os depósitos
em moeda estrangeira eram de
US$ 9,155 bilhões. A perda, em relação a valores anteriores, foi de
32,84%.
Segundo analistas do sistema financeiro, julho deverá apresentar
novamente uma intensa saída de
depósitos, em razão das incertezas que atingem a economia local
-no início desta semana, o ministro da Economia teve de ser
substituído, em razão de exigências feitas dentro da coalizão governista.
Maio, com uma saída de US$
1,378 bilhão, foi o mês em que o
fenômeno de retirada de depósitos atingiu seu pico. Isso ocorreu
justamente após uma série de
protestos que incluíram greves
gerais e ""panelaços" em todo o
país. Em abril, as retiradas haviam sido de US$ 633 milhões; em
março, de US$ 732 milhões; em fevereiro, de US$ 1,222 bilhão.
Texto Anterior: Duhalde critica duramente declarações do FMI Próximo Texto: Mercado financeiro: Bancos puxam queda de 2,73% da Bolsa Índice
|