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LUÍS NASSIF
Os indicadores e a gestão
"Choque de gestão" já entrou
na retórica dos governantes,
é necessário agora que a
gestão seja implementada
O ESPÍRITO Santo fez um milagre com sua educação nos últimos anos, assim como Mato
Grosso do Sul. O Paraná teve desempenho excepcional, além de Minas
Gerais, que tem qualidade na educação há anos. Até o governo de Rosinha Matheus implementou práticas
inovadoras, de reciclagem de professores da rede média nas universidades.
Sergipe sustenta ter passado de
penúltimo para quarto melhor IDH
do Nordeste em quatro anos de ação
planejada.
Quem sabe disso? Poucos, provavelmente. Paulo Hartung, governador do Espírito Santo, tem boa imagem na mídia. Roberto Requião, do
Paraná, e Rosinha, do Rio, não. O que
importa é que essa avaliação decorreu de exames nacionais, de indicadores impessoais.
Na área de saneamento, a Copasa
(Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e a Sanepar (Companhia
de Saneamento do Paraná) são consideradas empresas modelos -apesar de a mineira concentrar seus esforços muito mais em tratamento de
água (o filé mignon) do que de esgoto. Mas quem sabe disso?
Como saber se Geraldo Alckmin
foi um bom gestor, se Lula está sendo eficiente, se Marta foi boa prefeita? As avaliações são impressionistas, pululam ao sabor da preferência
política da pessoa ou da impressão
que ficou um ou outro programa de
impacto. Depois de Paulo Maluf, é
comum qualquer prefeitura batizar
meros programas de varrição com
nomes esculpidos em marketing.
Um grupo de empresários de peso
foi analisar o sistema educacional do
município de São Paulo. Por falta de
estrutura, os alunos se revezavam
em três turnos, para aproveitar os
mesmos equipamentos. No total, cada turno não tinha mais que 2,5 horas de aula por dia. Encontraram diretores e professores empenhadíssimos, mas totalmente desaparelhados. A diretora gastava a maior parte
do tempo negociando as licenças
médicas de professores, negociando
com a marginalidade da sua região,
cobrindo o lugar da cozinheira,
quando faltava. No Estado de São
Paulo, o último Enem colocou o sistema escolar em oitavo lugar na prova de matemática, apesar de ter o segundo gasto per capita do país.
Em graus diferentes, essa desorganização gerencial espalha-se por toda a máquina pública federal, estadual e municipal. Não há o básico: indicadores de desempenho. Depois, o
passo acima do básico: sistemas de
avaliação que permitam ponderar
cada indicador e conferir uma nota
única a cada gestão.
"Choque de gestão" já entrou na
retórica dos governantes. É necessário agora que a gestão seja implementada. Há diversas ferramentas
de organização da informação metodologias que são dominadas por
diversos setores.
Mas o ponto central são as metodologias de avaliação. De que adianta o Estado que tem as contas em dia
e paga miseravelmente sua polícia
permitir o aumento dos índices de
insegurança? De que adianta o Estado que paga regiamente sua polícia
não ter avaliadores de desempenho?
O desenvolvimento dos indicadores é ponto de partida para qualquer
análise qualitativa dos Tribunais de
Contas, qualquer avaliação sobre
custo-benefício dos gastos orçamentários.
Blog: www.luisnassif.com.br
@ - Luisnassif uol.com.br
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