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Gasto reduz aperto fiscal no 1º semestre
Despesas sobem mais que as receitas, e superávit do governo fica em 3,87% do PIB, ante 4,18% no mesmo período de 2005
Secretário do Tesouro diz
que resultado não está fora
do previsto e que a meta do
ano para todo o setor
público será atingida
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No embalo do ano eleitoral,
as despesas do governo (Tesouro Nacional, Banco Central e
Previdência Social) fecharam o
primeiro semestre de 2006
com crescimento mais acelerado que o registrado pelas receitas. Com isso, o esforço fiscal
obtido nos seis primeiros meses do ano ficou menor que o do
mesmo período de 2005.
De janeiro a junho, o superávit primário (receitas menos
despesas, exceto o juro da dívida pública) alcançou R$ 38,349
bilhões. Esse valor equivale a
3,87% do PIB (soma das riquezas produzidas no país no ano).
No primeiro semestre do ano
passado, o superávit ficou em
4,18% do produto. A redução do
ajuste fiscal foi causada pelo
descompasso entre a expansão
das receitas (11%) e o aumento
das despesas (14%). Pressionam as contas públicas principalmente os gastos com pessoal
e encargos sociais e as despesas
com benefícios da Previdência.
"Esse resultado não está fora
do previsto. A seqüência dos resultados dos últimos meses
corrobora a expectativa de
atingirmos a meta do ano. Continuamos com a visão de que
receitas e despesas estão coerentes para atingirmos a meta",
afirmou o secretário do Tesouro, Carlos Kawall.
Segundo ele, em 2005, nesta
fase do ano, o superávit primário estava bem acima da meta,
assim como o número final de
2005 ficou muito além do fixado -fechou em 4,84%, enquanto a meta era 4,25%.
Kawall acrescentou que os
dados do setor público consolidado (governo central, estatais
federais, Estados e municípios)
de maio mostram que a situação atual está confortavelmente acima da meta. Os números
de junho serão divulgados hoje
pelo Banco Central.
Ele ponderou, no entanto,
que poderá haver momentos ao
longo do ano em que o resultado primário fique abaixo dos
4,25%. "Mas o nosso compromisso é com o resultado do
ano." Para atingir a meta, ele
voltou a dizer que o governo
precisa trabalhar com uma
"margem" de segurança.
Nas contas de Kawall, até junho, só o governo federal já
economizou R$ 37,5 bilhões
(sem considerar o resultado
das estatais federais). Isso representa 87,5% da meta estabelecida para o final de agosto para o governo mais as empresas
estatais -R$ 52,2 bilhões.
Ajuste
Na avaliação do Tesouro, embora as despesas venham crescendo mais rapidamente que as
receitas, a situação não deverá
se manter nos próximos meses.
"A situação de a despesa crescer sistematicamente acima da
receita não é coerente com as
metas. Pode ocorrer dentro de
algum tempo, mas não todo o
tempo. Se isso não acontecer, é
necessário ajuste nas despesas", disse Kawall, em referência a eventuais cortes de gastos.
Ele adiantou que, nos próximos dias, o governo deverá editar um novo decreto com a programação de gastos para os meses seguintes e não há indicação de novos cortes. "Já chegamos ao final do primeiro semestre e até o momento o comportamento das receitas não
sugere um aperto adicional de
vulto. Não caminha para um
novo contingenciamento."
O decreto deverá apontar como serão acomodadas as novas
despesas com reajustes concedidos para o funcionalismo,
que impactarão as contas públicas a partir de agosto.
Em junho, o superávit primário do governo central foi de R$
5,89 bilhões. O resultado ficou
acima dos R$ 2,95 bilhões verificados em maio e pouco superior ao valor registrado em junho de 2005, R$ 5,82 bilhões.
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