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Juro ao consumidor volta a cair, mas crédito pára de crescer
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros praticados nos empréstimos bancários caíram pelo quarto mês seguido em junho, mas a queda não foi suficiente para sustentar o ritmo
de expansão do crédito que vinha se observando desde o início do ano. Segundo dados do
Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos chegou a
43,2% ao ano no mês passado,
nível mais baixo em mais de
cinco anos.
A diminuição dos juros tem
sido favorecida pela redução da
Selic, que, desde setembro de
2005, caiu de 19,75% ao ano para 14,75%. Além disso, em junho observou-se também um
menor nível de inadimplência.
Apontado pelos bancos como
um dos motivos do alto custo
dos empréstimos, o atraso nos
pagamentos atingiu 4,6% dos
financiamentos no mês passado, contra 4,9% de maio.
Já o volume de crédito disponível no país somava, também
no mês passado, R$ 658,9 bilhões, valor equivalente a
32,4% do PIB -em maio, essa
relação estava em 32,5%. Foi a
primeira vez desde janeiro que
a razão entre crédito e PIB não
apresenta crescimento entre
um mês e outro. Em junho de
2005, o saldo de empréstimos
concedidos pelos bancos representava 28,8% do PIB.
Num cenário como o atual,
em que a desaceleração da economia mundial e a valorização
do real inibem o aumento nas
exportações, o consumo interno passa a ser um dos principais responsáveis pelo crescimento. E um dos motores desse
consumo interno seria, justamente, a expansão do crédito,
impulsionada pela queda no juro praticado no país.
Logo, uma freada na liberação de novos financiamentos
poderia frustrar as expectativas de crescimento da economia. O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a estagnação observada no mês passado é passageira. "Com a melhoria que estamos tendo na renda e no emprego, não tem por que não aumentar o crédito."
Segundo Lopes, a queda registrada em junho foi causada
por fatores isolados. Um deles é
o recuo de 5,8% registrado pelo
dólar no mês passado, o que reduz o valor, em reais, dos financiamentos corrigidos pelo câmbio. Além disso, ele diz que,
também em junho, um banco
privado repassou R$ 1 bilhão da
sua carteira de crédito para
uma empresa de cobranças
-com isso, o valor deixou de fazer parte das estatísticas do BC.
Ritmo menor
Para o IDV (Instituto para
Desenvolvimento do Varejo), o
crédito deve continuar crescendo nos próximos meses,
embora num ritmo um pouco
menor. "O que os dados revelam é que não há sinais de profunda desaceleração do crédito
ao consumidor", diz relatório
preparado pelo instituto a partir dos números do BC. "É de
esperar que o crédito neste segundo semestre de 2006 mantenha significativa expansão."
Já a Febraban (Federação
Brasileira dos Bancos) diz que o
total de crédito oferecido pelos
bancos brasileiros ainda é baixo se comparado com outros
países -no Chile, a proporção
entre crédito e PIB está próxima de 70%. Mas afirma que essa diferença se deve ao peso que
os financiamentos imobiliários
têm na maioria dos países, o
que não acontece no Brasil.
De acordo com documento
divulgado pela Febraban, o crédito habitacional corresponde
a 21% do PIB chileno, enquanto
no Brasil, a proporção é de 7%.
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