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Governo afirma que estuda forma para baratear crédito
Redução de IOF e do compulsório recolhido pelos bancos está descartada agora
Medidas foram
apresentadas a Lula na
semana passada e visam
reduzir ônus eleitoral de sua
política de juros altos
SHEILA D'AMORIM
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda já
tem uma relação de, pelo menos, 15 medidas para tentar reduzir o custo dos empréstimos
bancários, atendendo à determinação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Na lista estão facilidades para permitir
que os bancos possam negociar
entre si os créditos com desconto direto na folha de pagamento e medidas para aumentar o poder de barganha dos
clientes que usam essa linha.
Algumas propostas, no entanto, dependem do Congresso
Nacional, como é o caso da reforma da chamada Lei da Usura
que, segundo avaliação do secretário de Política Econômica
(SPE), Júlio Sérgio Gomes de
Almeida, tem servido de justificativa para brigas que se arrastam durante anos entre as instituições financeiras e os tomadores de crédito por causa da
cobrança de juros sobre juros.
As medidas foram apresentadas, na semana passada, durante um encontro do presidente
Lula, no Palácio do Planalto,
com quatro ministros, técnicos
da área econômica e os dirigentes de bancos federais. Nesta
semana, os representantes dos
bancos públicos voltarão a se
reunir com os técnicos da Fazenda para tentar formalizar as
propostas.
Hoje, o Conselho Nacinal de
Previdência Social deve aprovar uma redução no teto dos juros cobrados pelos bancos nos
empréstimos consignados aos
aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
No começo de junho esse teto
foi limitado a 2,9% ao mês.
Brasil no topo
Almeida adianta, porém, que
não há um prazo estabelecido
para apresentar um resultado.
A ordem do Palácio do Planalto
é reverter o quadro apresentado a Lula, que coloca o Brasil no
topo da lista das maiores taxas
de juros nas operações de crédito.
Pelo levantamento mostrado
ao presidente, entre 126 economias, o Brasil é disparado o que
cobra mais caro para conceder
empréstimos. A taxa média real
é de 43,5% ao ano. O segundo
país nesse ranking é a Guiné
Equatorial, uma economia minúscula que fica na África. Entre os países em desenvolvimento, segundo o estudo, a
maior taxa média real depois
do Brasil é a da Colômbia: 9,1%
ao ano.
As estatísticas reforçaram a
idéia no governo de que os juros altos são o ponto fraco na
política econômica. Daí a necessidade de adotar medidas
que reduzam o custo dos empréstimos para estimular a economia. Ainda assim, o secretário enfatiza que "não vai ter
coelho saindo da cartola".
"Não vamos mudar nada da
noite para o dia", afirmou à Folha, defendendo as mudanças
como "ajustes estruturais" nas
regras. Há o entendimento que
mudanças estruturais e de regulação podem solucionar parte do problema, destravando o
crédito imobiliário e para as
empresas.
Segundo Almeida, o coelho
nesse caso seria redução do
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) ou da parcela dos
recursos captados pelos bancos
que são obrigatoriamente depositados no Banco Central,
conhecida como recolhimento
compulsório.
"Isso teria impacto na veia.
Mas não podemos mexer nisso
por questões fiscais e monetárias", argumenta Almeida. Segundo ele, o governo pretende
fazer andar ainda neste ano o
projeto de lei que oficializa o
Cadastro Positivo de Crédito,
que está parado no Congresso.
A proposta cria uma espécie de
central com registro do histórico de pagamento dos clientes,
beneficiando quem paga suas
dívidas em dia com juros menores.
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