São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Investidor retorna aos títulos brasileiros

Após turbulência que afastou estrangeiros do mercado, volta a crescer a demanda por papéis nacionais de longo prazo

Maior procura ajuda a reduzir juros pagos nas negociações de títulos indexados à inflação, que haviam subido com a crise

LEANDRA PERES
SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de fugirem das aplicações em títulos brasileiros de longo prazo em maio, os investidores estrangeiros começam a voltar ao mercado de dívida nacional. Nas últimas duas semanas, a demanda de investidores internacionais pelos papéis indexados à inflação (NTN-B) com vencimento em 2045 aumentou. Esse movimento está ajudando a reduzir os juros pagos nas negociações desses títulos e a aumentar as negociações no mercado.
No auge da volatilidade que tomou conta dos mercados financeiros mundiais em maio e início de junho por causa do temor de um aumento nos juros americanos, os investidores estrangeiros, principalmente "hedge funds" (fundos de investimento agressivos), venderam as NTN-B. Esses papéis são indexados à inflação brasileira e representam a maior parcela dos 21% da dívida pública nacional que são corrigidos por índices de preço.
A dificuldade em achar compradores fez com que os juros pagos no papel disparassem. No início de maio, o mercado secundário negociava esses títulos a uma taxa de 8% ao ano. Semanas depois, no auge das turbulências no mercado financeiro, os juros das NTN-B chegaram a 9,3% ao ano.
À medida que o Fed, o banco central americano, sinalizou que o aumento de juros feito já estava sendo suficiente para conter pressões inflacionárias nos EUA, houve melhora natural nos mercados mundiais. No fim do mês de junho, a NTN-B já refletia essa mudança positiva e era negociada a uma taxa de 9% ao ano.
No início desta semana, a taxa dos títulos de longo prazo indexados à inflação caiu ainda mais e eles foram vendidos a 8,2% ao ano. "A liquidez nesses papéis está voltando. Certamente são os investidores estrangeiros retornando ao mercado", diz o economista-chefe do Banco Itaú, Tomás Málaga.

"Jóia da coroa"
Os investidores estrangeiros têm papel muito importante no mercado secundário de NTN-B. Como esses títulos são de longo prazo, os compradores tradicionais são fundos de pensão e seguradoras, investidores que normalmente ficam com o papel em carteira até o vencimento, já que suas obrigações também são de longo prazo. Isso reduz o volume de vendas e compras após o lançamento inicial.
Com a entrada dos "hedge funds" estrangeiros e investidores nacionais de mais curto prazo no mercado, as negociações aumentam. A NTN-B é considerada pelo Tesouro Nacional como uma espécie de "jóia da coroa" da dívida pública. É que, além de ser um papel prefixado, é também um importante sinalizador para as expectativas de taxas de juros de longo prazo.
É por isso que em maio e junho o Tesouro Nacional fez leilões de troca de NTN-B. O governo agiu como uma espécie de intermediário nas operações, em vez de simplesmente vender títulos novos. Com isso, movimentou o estoque já existente, já que os detentores dos papéis supriram a demanda de outros investidores. Essa atuação permitiu ao Tesouro reduzir as suas oferta do título.


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