|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC dos EUA vê terrorismo como ameaça à economia
Preocupações geopolíticas podem limitar integração econômica, diz Bernanke
Para o presidente do BC americano, líderes devem assegurar que os benefícios que derivem da integração sejam compartilhados
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
O presidente do Fed (Federal
Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, mais uma
vez interveio em discurso e
mais uma vez criou cenário de
incerteza e volatilidade nos
mercados. Agora, ele diz ver o
terrorismo como freio na economia e na integração mundial.
"Os futuros avanços na integração econômica global não
estão garantidos. As preocupações geopolíticas, inclusive as
tensões internacionais e os riscos do terrorismo, condicionam o ritmo da integração econômica mundial e podem limitá-lo no futuro", diz. Segundo
Bernanke, uma reação natural
a tais riscos é recorrer a medidas protecionistas.
Uma globalização assimétrica, afirma o presidente do Fed,
é o "desafio para que os líderes
assegurem que os benefícios da
integração econômica sejam
suficientes e amplamente compartilhados".
"Por exemplo, ajudando trabalhadores deslocados a conseguir o treinamento necessário
para aproveitar novas oportunidades. Isso não é fácil, tanto
em nível nacional como global.
No entanto o esforço é válido,
uma vez que os benefícios em
potencial de uma maior integração econômica global são
consideráveis."
O discurso de Bernanke
acontece no momento em que
as relações comerciais entre
EUA e China se encontram em
situação delicada. Além disso,
há pressões do governo americano em relação à transferência de empregos para a Índia,
sobretudo no setor de serviços.
O déficit comercial americano
com a China ficou em US$ 202
bilhões em 2005.
Impasse entre EUA, União
Européia e G20 (grupo de países em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia) sobre
acesso aos mercados agrícolas
dos países ricos levou recentemente ao colapso da Rodada
Doha (de liberalização do comércio), o que pode trazer mais
pressões protecionistas.
"As mudanças econômicas e
tecnológicas devem encolher
as distâncias ainda mais nos
próximos anos, criando potencial para melhorias contínuas
na produtividade, nos padrões
de vida e uma redução da pobreza mundial", acrescentou.
O discurso de Bernanke em
reunião com banqueiros e líderes empresariais em Jackson
Hole (Estado de Wyoming) era
o principal evento do dia para
analistas e investidores. Esperavam-se recados, que não vieram, sobre os rumos da economia americana e da taxa de juros. A ausência de sinais manteve o cenário do dia anterior,
com o mercado em alerta sobre
o quadro de fluxo de investimentos a emergentes.
Em baixo volume de negócios, as Bolsas de Wall Street fecharam com tendência indefinida em seus principais indicadores, devido à demanda por
ações do setor tecnológico e à
alta do petróleo.
O índice Dow Jones recuou
0,18%, para 11.284,05 pontos, e
a Nasdaq (que reúne ações de
empresas de tecnologia) teve
alta de 0,15%, aos 2.140,52 pontos. O barril do petróleo teve alta de 0,18%, vendido a US$
72,49. Ao longo do dia, chegou a
US$ 73,75.
Há menos de um ano à frente
do Fed, a intenção de Bernanke
é instalar gradualmente um sistema de metas explícitas de inflação, indicando ao mercado
os patamares considerados
adequados e, portanto, sinalizando melhor a movimentação
da taxa de juros -hoje em
5,25%, após escaladas de 0,25
ponto percentual desde junho
de 2004. Com essa transparência, Bernanke quer ser o mais
direto possível em intervenções públicas, expressando claramente suas avaliações da
conjuntura. Sua retórica, no
entanto, tem elevado a instabilidade dos mercados e provocado uma onda de volatilidade
nas Bolsas a cada discurso.
Texto Anterior: Eleições explicam resistência americana a Doha, diz peruano Próximo Texto: Mercosul: Brasil nega à Argentina cotas para calçados e linha branca Índice
|