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ANÁLISE
Reajuste pelo PIB não terá efeitos "desastrosos"
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo, as centrais sindicais e os representantes dos
aposentados definiram ontem
que os benefícios pagos pelo
INSS, de valor superior ao salário mínimo, terão reajuste real,
em 2010 e em 2011, correspondente à metade da variação do
PIB de dois anos antes.
Essa regra permitirá que
aqueles beneficiários tenham,
nos próximos dois anos, ao menos algum reajuste acima da inflação. Como o indexador será
50% do PIB de dois anos antes,
para 2010 esse reajuste será de
cerca de 2,55% (mais a inflação
deste ano). Para 2011, será a variação do PIB neste ano. Como
a crise afetou a economia neste
ano, em 2011 não haverá muito
para dar aos aposentados.
Do ponto de vista financeiro,
a regra não terá efeitos "desastrosos" -o governo fala em R$
3 bilhões. É que, hoje, mais de
14,6 milhões de aposentadorias
equivalem a um mínimo. E a
cada reajuste esse número aumenta, pois os valores um pouco acima do mínimo acabam
sendo "alcançados" por ele.
Segundo o professor Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária, juridicamente essa é uma
proposta equivocada, porque a
Constituição assegura apenas a
reposição da inflação para os
benefícios acima do mínimo.
"Mas ninguém reclamará."
Martinez levanta algumas hipóteses quanto ao uso do PIB
como indexador. Primeira: há
crescimento do PIB sem inflação. Nesse caso, como a coletividade está "enriquecendo", é
correto que todos compartilhem os dividendos.
Segunda: inflação sem crescimento do PIB. Aqui, os aposentados seriam prejudicados, pois
não teriam aumento real (e ainda os preços aumentariam).
Martinez sugere, nesse caso,
que se use o INPC ou um outro
indexador -o que desse mais.
Terceira: crescimento do PIB
com inflação. "Seria preciso ver
quem cresceu mais e estabelecer uma relação justa."
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