São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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Obama renova mandato de Bernanke no Fed

Republicano ficará no cargo por mais 4 anos; notícia foi bem recebida pelo mercado por evitar ruptura na estratégia anticrise

Congresso ainda precisa sancionar indicação; governo aumenta expectativa de contração do PIB para este ano, de 1,2% para 2,8%

DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem a recondução de Ben Bernanke para mais quatro anos à frente do Fed (o BC dos EUA) a partir de fevereiro de 2010.
A manutenção de Bernanke no cargo foi interpretada pelo mercado como boa notícia, já que não haveria troca de comando no Fed ou mudança na estratégia de combate à crise.
Obama interrompeu pela manhã suas férias em família na ilha Martha's Vineyard, em Massachusetts, para fazer o anúncio ao lado de Bernanke.
"Como especialista nas causas da Grande Depressão [dos anos 1930], tenho certeza de que Ben nunca pensou em ser parte de um time responsável por prever outra. Mas por causa de sua experiência, temperamento, coragem e criatividade, é exatamente isso o que ele ajudou a fazer", disse Obama.
O convite a Bernanke foi feito na Casa Branca na quarta-feira passada e é uma vitória para o presidente do Fed, que precisa ser confirmado pelo Congresso para o posto. Bernanke é republicano confesso (Obama é democrata) e foi indicado para o cargo pelo ex-presidente George W. Bush.
Embora ele tenha sido muito criticado por parlamentares democratas por não ter dado mais atenção à crise imobiliária e aos milhares de despejos de famílias que detonaram a atual recessão, muitos consideram que as medidas adotadas até aqui pelo Fed contiveram uma deterioração econômica maior.
Oriundo das universidades de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), Bernanke lecionou nas universidades de Stanford e Princeton e construiu sua carreira acadêmica em torno de estudos relacionados ao fracasso do Fed em evitar a Grande Depressão dos anos 1930.
Na atual crise, o Fed tomou medidas nunca antes adotadas, como garantir diretamente empréstimos a bancos, empresas e a tomadores de financiamentos imobiliários.
Entre os críticos de Bernanke, a maior dúvida é se o Fed não teria exagerado na dose ao injetar demasiada liquidez (dinheiro) no mercado. E se isso não levará em breve a um aumento da inflação, o que obrigaria o Fed a aumentar os juros, deprimindo mais à frente a atividade econômica.
A previsão de forte aumento na expansão do déficit público nos EUA é consequência direta de algumas das estratégias inéditas adotadas pelo Fed.
O governo ampliou ontem de US$ 7,1 trilhões para US$ 9 trilhões a estimativa de aumento no déficit fiscal durante os próximos dez anos.
A Secretaria de Orçamento e Gestão do governo dos EUA justificou o aumento do rombo em função de uma queda além da esperada na atividade econômica. O órgão também elevou a expectativa de contração do PIB neste ano, de 1,2% para 2,8%. Espera ainda que o desemprego suba dos atuais 9,4% para 9,8% até o final de 2010.
Até 2019, a expectativa é que o déficit público americano quase triplique, para US$ 17,5 trilhões. Como proporção do PIB, subiria do atual recorde do pós-Segunda Guerra, de 56%, para 76,5%. (FERNANDO CANZIAN)


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