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Obama renova mandato de Bernanke no Fed
Republicano ficará no cargo por mais 4 anos; notícia foi bem recebida pelo mercado por evitar ruptura na estratégia anticrise
Congresso ainda precisa sancionar indicação; governo aumenta expectativa de contração do PIB para este ano, de 1,2% para 2,8%
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem a
recondução de Ben Bernanke
para mais quatro anos à frente
do Fed (o BC dos EUA) a partir
de fevereiro de 2010.
A manutenção de Bernanke
no cargo foi interpretada pelo
mercado como boa notícia, já
que não haveria troca de comando no Fed ou mudança na
estratégia de combate à crise.
Obama interrompeu pela
manhã suas férias em família
na ilha Martha's Vineyard, em
Massachusetts, para fazer o
anúncio ao lado de Bernanke.
"Como especialista nas causas da Grande Depressão [dos
anos 1930], tenho certeza de
que Ben nunca pensou em ser
parte de um time responsável
por prever outra. Mas por causa de sua experiência, temperamento, coragem e criatividade,
é exatamente isso o que ele ajudou a fazer", disse Obama.
O convite a Bernanke foi feito na Casa Branca na quarta-feira passada e é uma vitória
para o presidente do Fed, que
precisa ser confirmado pelo
Congresso para o posto. Bernanke é republicano confesso
(Obama é democrata) e foi indicado para o cargo pelo ex-presidente George W. Bush.
Embora ele tenha sido muito
criticado por parlamentares
democratas por não ter dado
mais atenção à crise imobiliária
e aos milhares de despejos de
famílias que detonaram a atual
recessão, muitos consideram
que as medidas adotadas até
aqui pelo Fed contiveram uma
deterioração econômica maior.
Oriundo das universidades
de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), Bernanke lecionou nas
universidades de Stanford e
Princeton e construiu sua carreira acadêmica em torno de
estudos relacionados ao fracasso do Fed em evitar a Grande
Depressão dos anos 1930.
Na atual crise, o Fed tomou
medidas nunca antes adotadas,
como garantir diretamente
empréstimos a bancos, empresas e a tomadores de financiamentos imobiliários.
Entre os críticos de Bernanke, a maior dúvida é se o Fed
não teria exagerado na dose ao
injetar demasiada liquidez (dinheiro) no mercado. E se isso
não levará em breve a um aumento da inflação, o que obrigaria o Fed a aumentar os juros,
deprimindo mais à frente a atividade econômica.
A previsão de forte aumento
na expansão do déficit público
nos EUA é consequência direta
de algumas das estratégias inéditas adotadas pelo Fed.
O governo ampliou ontem de
US$ 7,1 trilhões para US$ 9 trilhões a estimativa de aumento
no déficit fiscal durante os próximos dez anos.
A Secretaria de Orçamento e
Gestão do governo dos EUA
justificou o aumento do rombo
em função de uma queda além
da esperada na atividade econômica. O órgão também elevou a expectativa de contração
do PIB neste ano, de 1,2% para
2,8%. Espera ainda que o desemprego suba dos atuais 9,4%
para 9,8% até o final de 2010.
Até 2019, a expectativa é que
o déficit público americano
quase triplique, para US$ 17,5
trilhões. Como proporção do
PIB, subiria do atual recorde do
pós-Segunda Guerra, de 56%,
para 76,5%.
(FERNANDO CANZIAN)
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