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Ação pede US$ 200 bi de produtor de cigarro light
Juiz dos EUA permite ação coletiva em nome de compradores por propaganda enganosa
Advogado diz que indústria sabia que cigarro light era tão nocivo quanto normal e enganou fumantes deliberadamente
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
A indústria tabagista sofreu
ontem um revés na Justiça
americana. Decisão de primeira instância da comarca do
Brooklyn, em Nova York, concedeu caráter de ação coletiva a
um processo aberto em 2004
contra fabricantes por propaganda enganosa na venda de cigarros light.
Pesa contra as companhias a
acusação de iludir os fumantes
sobre os danos causados pelos
cigarros light, supostamente
com teores reduzidos de nicotina e alcatrão, para manter vendas.
Michael Hausfeld, advogado
do caso, diz que os fabricantes
promoveram os cigarros light
como produto menos nocivo,
apesar de, em documentos internos, mostrarem que sabiam
que os riscos eram praticamente os mesmos que os cigarros
regulares. Segundo o setor, os
light representam 85% do mercado.
A decisão do juiz Jack Weinstein, de 540 páginas, provocou
queda nas ações das empresas.
O índice Dow Jones de tabaco
operou ontem em baixa em torno de 4%. A redução foi liderada pela Altria, matriz da Philip
Morris, com perda de US$ 3,77
por ação, ou 4,58%. A Reynolds
perdeu US$ 1,24, com ação sendo negociada a US$ 60,78.
No "caso Schwab", aberto
por Barbara Schwab, os autores
reclamam US$ 200 bilhões aos
fabricantes, soma que corresponde aos lucros do setor pela
venda de cigarros light desde
seu lançamento, no início dos
anos 1970. O montante é o mais
alto já exigido da indústria tabagista nos EUA e é superior ao
PIB de países como a Argentina.
Weinstein determina que a
ação possa ser assinada por todos os fumantes de cigarros
light dos EUA, independentemente do efeito que o fumo teve na saúde. Ao contrário de
outros casos, o "caso Schwab"
não pede indenização por morte ou doença. O pagamento exigido é pelo fato de que os consumidores gastaram mais do
que estariam dispostos se soubessem que os cigarros light
eram igualmente nocivos.
Segundo a acusação, 90% dos
fumantes de cigarros light
compraram o produto baseados em preocupações com a
saúde, mais do que devido a sabor ou a outros fatores. Outro
estudo usado como prova contra os fabricantes mostra que,
se os consumidores tivessem
sido informados a respeito dos
riscos apresentados pelos cigarros light, teriam esperado
descontos de 50% a 80% no
preço do maço. Daí a justificativa para indenização bilionária.
Fabricantes recorrem
A Philips Morris e a Reynolds
disseram ontem que recorrerão da decisão e que esperam
adiar o início do julgamento,
previsto para a terceira semana
de janeiro de 2007.
No processo, os advogados
dos fabricantes argumentaram
que, para receber indenizações,
os fumantes teriam de provar
quantos consumidores confiaram no rótulo light quando decidiram que cigarros comprar.
Eles dizem ainda que há 65
marcas de cigarro representadas no caso que têm abordagens comerciais diferentes.
Para a defesa, o processo foi
aberto com base em dados fraudulentos e não deveria ter recebido caráter de ação coletiva
sem ter ouvido cada um dos milhões de fumantes envolvido no
processo para saber os motivos
que levaram à opção por cigarros light.
Indenizações bilionárias nos
EUA contra fabricantes de cigarros já foram revertidas em
instâncias superiores.
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