São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Desemprego em agosto é o menor do ano

Taxa cai a 7,6%, a segunda menor da série histórica; queda da inflação e aumento da formalização elevam renda, diz IBGE

Instituto estima que, se os efeitos da crise não se agravarem, taxa de desemprego deve encerrar ano no menor nível histórico

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país caiu para 7,6% em agosto, ante 8,1% em julho. O resultado é o segundo melhor da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia), iniciada em 2002.
Para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, Cimar Azeredo, o bom desempenho indica que o mercado de trabalho ainda não foi afetado pela crise internacional e pelo aumento da taxa básica de juros da economia brasileira. O resultado de agosto só não foi melhor do que os 7,4% registrados em dezembro de 2007, mês tradicionalmente bom para o emprego.
Azeredo prevê que, se os efeitos da crise não se agravarem, a taxa de desemprego deve fechar o ano em seu menor patamar histórico. A média de janeiro a agosto deste ano, de 8,2%, já está 1,6 ponto percentual abaixo da verificada no mesmo período do ano passado, de 9,8%. "Só uma crise muito forte pode reverter essa tendência", afirma.
A taxa média de ocupação entre janeiro e agosto, de 52,2% da população em idade ativa (pessoas com idade igual ou superior a dez anos), também é superior à do mesmo período do ano passado, de 51,2%.
Segundo o levantamento realizado pelo IBGE, em um ano foram criados 771 mil novos postos de trabalho nas cidades pesquisadas.
Entre os meses julho a agosto deste ano, o acréscimo foi de 152 mil. O número de pessoas ocupadas subiu para 21,820 milhões, enquanto o contingente de desempregados caiu para 1,791 milhão.
Azeredo destaca também que houve um movimento em direção à formalização, que fica clara na comparação com os dados do ano anterior.
"Enquanto a população ocupada cresceu 3,7% em relação a agosto de 2007, o número de postos com carteira assinada no setor privado subiu 5,8%", afirma. Com o aumento, o total de empregados formais na iniciativa privada já era de 9,55 milhões em agosto- o equivalente a 43,8% da população ocupada nas capitais que foram pesquisadas.
Segundo o IBGE, a maior parte das novas vagas surgiu na indústria e em prestadores de serviços para empresas.
"A terceirização tem se mostrado uma porta de entrada para o emprego formal", disse Azeredo. Ele destacou também a maior fiscalização como um dos motivos para o aumento do número de empregados registrados.

Renda sobe com menos
Aliada à desaceleração da inflação, a formalização contribuiu para que a renda real média do trabalhador chegasse a R$ 1.253,70 em agosto (alta de 2,1% em relação ao mês anterior e de 5,7% em relação a agosto de 2008).
A alta, porém, não ficou restrita apenas àqueles com carteira assinada. Funcionários públicos, empregados sem carteira e trabalhadores por conta própria também foram beneficiados. Mesmo assim, a renda ainda está 2,5% abaixo da verificada em agosto de 2002, melhor ano da série histórica nesse quesito.

Dado negativo
Outro dado negativo da pesquisa, segundo Azeredo, é que as diferenças regionais continuam fortes. Enquanto em Porto Alegre a taxa de desemprego foi de 5,3% em agosto, em Salvador ela estava em 11,6%. São Paulo (8%) e Recife (8,3%) também apresentaram resultados acima da média nacional. Em todas as capitais, porém, houve queda na comparação com o mês anterior e com agosto de 2007.


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