São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Gol e Varig obtêm aval da Anac para unir operações

Empresa deve reestruturar rotas e serviço de bordo

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou, na terça, a união de Gol e Varig com a manutenção das duas marcas independentes. A Gol havia entrado com o pedido em julho, pouco depois de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar a operação. A companhia estima em R$ 180 milhões os ganhos com a reestruturação da empresa a partir da integração.
As mudanças deverão incluir também demissões à medida que haverá integração entre tripulantes e rotas. Segundo Selma Balbino, secretária-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, as demissões já começaram. "Vão cortar principalmente os aeroviários, que trabalham nos balcões dos aeroportos. Já houve cortes no Rio e em Guarulhos." Gol e Varig têm 16,6 mil funcionários.
Para marcar a nova etapa, a Gol lançará uma campanha publicitária no próximo sábado elaborada pela AlmapBBDO, em que pretende explorar o impacto que a chegada da companhia causou no mercado. A empresa foi criada em 2001 seguindo o modelo de "low cost, low fare" (baixo custo e baixa tarifa). A campanha se estenderá até o primeiro trimestre do próximo ano e será usada para apresentar as mudanças da companhia e os novos produtos. A imagem retrata a transformação de lagarta em borboleta e incluirá campanha em TV, internet, cinemas, elevadores e em hotsite (www. borboletasgol.com.br).
Segundo a Folha apurou, a Gol estuda reestruturar o serviço de bordo. A proposta em análise inclui o fim das barrinhas de cereais servidas nos aviões. A companhia preferiu não se pronunciar sobre as mudanças. A Varig passaria a atuar principalmente em rotas em que a demanda permite manter uma tarifa mais elevada, como a ponte aérea Rio-São Paulo e os vôos para destinos na América do Sul. O principal diferencial entre as empresas será o maior espaço entre as poltronas nos aviões da Varig. Nos últimos meses, a Gol investiu na padronização da frota. Nos aviões da Gol, as aeronaves voarão com 184 a 187 assentos e nos da Varig, com 168.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a aprovação da junção deve funcionar como uma última aposta para reposicionar a marca Varig no mercado. Segundo dados da Anac, em agosto a Varig tinha 4,44% do mercado doméstico e a Gol, 34,13%. A Gol comprou a Varig em março do ano passado por US$ 320 milhões. Na época, Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê Constantino, o dono da Gol, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia pedido para que ele salvasse a companhia. Desde então, a Gol já investiu mais de R$ 1 bilhão na Varig.
A proposta inicial era usar a empresa para vôos intercontinentais, mas a alta do preço do petróleo, a taxa baixa de ocupação dos aviões e a falta de aeronaves novas levaram a uma mudança de planos e hoje a Varig funciona como uma "Gol premium" com serviço diferenciado em vôos domésticos e outros para a América do Sul.
Segundo fontes do setor, a nova empresa deverá operar com o CNPJ e o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo) da Varig. O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, já havia afirmado que pretende eliminar a sobreposição de rotas. Uma nova malha aérea deverá ser apresentada ainda no mês de outubro.


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