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TURISMO
EUA eram maior mercado da operadora; dificuldade começou com máxi de 99
Atentado acelera quebra da
Soletur; dívida é de R$ 30 mi
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Uma das maiores operadoras de
turismo do Brasil, a Soletur admitiu ontem que sua falência é resultado de uma dívida que atingiu o
valor de R$ 30 milhões e que seu
patrimônio, avaliado em R$ 25
milhões, é inferior a ela.
Os principais credores da empresa, de acordo com o advogado
Eduardo Antônio Kalache, são
bancos, entre os quais o Bradesco,
empresas aéreas e hotéis no Brasil
e no exterior (aproximadamente
R$ 7 milhões para cada um desses
setores).
Segundo o advogado, a Soletur
vinha num processo de endividamento desde 1999, quando houve
a desvalorização do real ante o dólar, moeda utilizada pela operadora para vender seus pacotes de
viagem.
O agravamento da crise, entretanto, teria acontecido com os
atentados terroristas de 11 setembro nos Estados Unidos. Segundo
a empresa, antes dos ataques 70%
dos seus pacotes eram para o exterior e 40% para a América do
Norte, dos quais 70% para Nova
York. Cerca de 800 pessoas viajavam semanalmente para Nova
York pela Soletur, o que representava um terço do total do seu faturamento.
Juros altos
"A Soletur não estavam bem
desde 1999, quando, para continuar operando, teve de contrair
empréstimos bancários a juros altos. Com os atentados, a situação,
que começava a se equilibrar, ficou ainda pior. Os pacotes para os
EUA, e especialmente para Nova
York, praticamente zeraram", explicou Kalache.
Ele informou que logo nos primeiros dias após os ataques o prejuízo da operadora com passagens e hotéis já reservados chegava a US$ 2 milhões.
Nota em jornais
A decisão de pedir falência foi
tomada na terça-feira à noite,
confessada no dia seguinte à Justiça e ontem ao público por meio de
nota publicada em dois jornais de
circulação nacional. Todas as
operações de venda realizadas a
partir de terça-feira foram canceladas.
"Não havia possibilidade de
continuar. Também não havia
outra alternativa, como pedir
concordata, por exemplo. Quem é
que vai confiar numa operadora
de turismo em concordata?",
questionou.
O caso foi para a 8ª Vara de Falências e Concordatas do Tribunal de Justiça do Rio e será analisado pelo juiz Alexander Macedo.
Ele deverá decretar em dois dias a
falência da Soletur e nomeará um
síndico para gerir a dívida da
companhia.
De acordo com Kalache, o ativo
da operadora é composto por
imóveis, créditos bancários, equipamentos, marcas e patentes e
contas a receber. Ele explicou que,
caso o passivo seja realmente
maior do que o patrimônio da Soletur -os valores exatos serão
avaliados pelo síndico-, haverá
prioridades de pagamento.
"Os primeiros a ser pagos serão
os funcionários e os créditos trabalhistas. Depois, a Previdência, o
fisco, os encargos da massa falida
e os credores."
Salários em dia
A empresa tinha 450 empregados em todo o Brasil, que, segundo o advogado, estão com seus salários em dia. "Parte do 13º salário
já foi paga e, em breve, eles poderão sacar o FGTS", afirmou.
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