São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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CONJUNTURA

Crescimento das transações em 2000 foi de 2%, mas OMC afirma que expansão não passará de 2% neste ano

Comércio internacional ficará estagnado em 2001

DA REDAÇÃO

Depois de uma forte expansão de 12% no ano passado, o volume do comércio internacional encerrará 2001 praticamente do mesmo tamanho. De acordo com pesquisa da OMC (Organização Mundial do Comércio) divulgada ontem, a troca de mercadorias deve crescer apenas 2% neste ano.
Mas os técnicos da OMC afirmam que a expansão pode ser ainda menos expressiva. Segundo o relatório anual do órgão, uma forte freada está sendo sentida em todos os principais blocos econômicos do planeta, e as consequências da desestabilização detonada pelos ataques de 11 de setembro nos EUA podem tornar o quadro ainda pior.
O comportamento dos negócios em termos de valor (tendo o dólar como referência) dá uma medida da desaceleração. No primeiro semestre de 2001, houve um crescimento de 1%, enquanto no ano passado o comércio global tinha saltado 12,5%. No segundo trimestre, o total negociado (sempre em dólares) teria sido inferior a igual período do ano passado.
A organização aponta a queda na demanda por produtos de tecnologia da informação (como computadores e equipamentos de telecomunicação) como uma das razões pela estagnação do comércio global em 2001. Outro fator é a recessão norte-americana, que inibiu as importações no país e afeta países exportadores (sobretudo asiáticos).
Em uma estimativa inicial, divulgada em maio, a OMC previa uma expansão de 7% nas transações comerciais neste ano. A venda de computadores, um elemento-chave no salto do ano passado, deverá ser bem menor em 2001.
Mesmo a China sentiu o solavanco, e o ritmo do crescimento de suas exportações (ainda que elevado) perdeu fôlego. Mas, segundo a OMC, o país se mostra resistente à desaceleração global porque produtos de alta tecnologia têm pouco peso em sua pauta exportações.

América Latina
A América Latina, puxada em primeiro lugar pelo México e depois pelo Brasil, teve um bom desempenho no ano passado, ao menos em termos de valor em dólar. As exportações da região saltaram 20% em relação a 1999, enquanto as importações cresceram um pouco menos -16%. A OMC cita o vigoroso crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mexicano e a recuperação brasileira como sendo as principais razões do resultado acima da média internacional.
Em termos de volume, no entanto, a América Latina cresceu menos do que a média mundial de 12%. O bloco exportou 9,5% mais no ano passado. As importações cresceram num ritmo mais acelerado (quase 12%). De 1998 para 1999, as importações da região haviam caído, devido ao choque da desvalorização do real.
Foi a primeira vez nos últimos cinco anos que as exportações latino-americanas cresceram em volume abaixo da média internacional.
Entre 1990 e 2000, as exportações latino-americanas se elevaram em 9,5%. A participação do bloco nas exportações globais subiu de 4,3% (em 90) para 5,8% (2000). O Brasil exportou 15% mais em 2000. As vendas totalizaram US$ 55 bilhões, colocando o país num modesto 28º lugar entre os maiores exportadores do planeta. O México viu suas exportações se expandirem em 22%, e o país ficou em 13º lugar entre os maiores exportadores.


Com agências internacionais


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