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Greenspan critica adoção do câmbio fixo
DA REDAÇÃO
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Alan Greenspan,
afirmou que emprestar dinheiro
para países em apuros financeiros
pode ter o mesmo efeito de uma
bomba-relógio, pronta para explodir no futuro. Segundo
Greenspan, isso é ainda mais verdadeiro quando o país em questão mantém um sistema de câmbio fixo.
"Certas condições de estresse
aumentam a probalidade do calote de países emergentes e seus
contágios", disse o presidente do
Fed.
"Grandes endividamentos de
curto prazo em moeda estrangeira que são usadas para financiar
empréstimos de longo prazo na
moeda local são como combustível esperando para pegar fogo."
Greenspan acrescentou: "Esse é
especialmente o caso se as reservas em moeda estrangeira são
inadequadas e as taxas de câmbio
são fixas."
O presidente do Fed fez as declarações durante discurso no
Instituto de Economia Internacional, em Washington, anteontem à noite. Ele não citou nenhum
país de maneira específica, mas a
descrição cai com uma luva para a
Argentina.
Os comentários de Greenspan
ocorreram no mesmo dia em que
o FMI (Fundo Monetário Internacional) se negou a receber o ministro argentino da Economia,
Domingo Cavallo, que estaria à
procura de novos empréstimos.
Reserva ameaçada
A Argentina, que vive uma recessão econômica, mantém há
dez anos um sistema em que a cotação do peso (moeda local) é
atrelada ao dólar, em regime de
paridade (US$ 1 é igual a um peso). Com o desaquecimento econômico e a queda nas exportações, o país tem enfrentado a diminuição das reservas internacionais.
Essa reservas ficam armazenadas no Banco Central. Quando há
a saída de divisas do país (no caso
de importações, por exemplo), a
moeda local precisa ser trocada
por moeda estrangeira. Se a fuga
supera a entrada, cria-se um déficit. Para cobri-lo, o Banco Central
precisa queimar parte das reservas. Uma alternativa é financiar o
rombo, sobretudo com empréstimos externos.
Protestos adormecidos
Durante o discurso, que teve como tema a globalização da economia mundial, Greenspan afirmou
que o livre comércio pode ajudar
países de mercados emergentes a
alcançar a estabilidade.
"Ao contrário do que muitos
afirmam, países em desenvolvimento precisam de mais globalização, e não menos", disse o presidente do Fed.
Ainda segundo Greenspan, os
atentados ocorridos em Washington e em Nova York, no dia 11
de setembro, silenciaram temporariamente os manifestantes antiglobalização. "Mas o debate a respeito da crescente integração entre os mercados inevitavelmente
será retomado", disse.
Para o presidente do Fed, a queda das barreiras ocorrida nos últimos 50 anos trouxe um saldo positivo, ao menos para aqueles países que se mantiveram abertos
aos negócios. Segundo ele, o aumento na competição acabou gerando ganho em qualidade de vida.
Greenspan disse que esse fenômeno ocorreu porque as indústrias foram obrigadas a abandonar procedimentos "obsoletos".
As novas tecnologias ajudam a
ampliar a produtividade e, assim,
a poupança da população.
"É esse o processo em que a riqueza é criada", afirmou. "Ele
pressupõe um contínuo desmantelamento da economia, em que o
novo toma o lugar do antigo."
O presidente do Fed também
criticou indiretamente a posição
dos países industrializados. Segundo ele, o melhor que eles poderiam fazer para ajudar na redução na pobreza dos países emergentes seria "abrir, de maneira
unilateral, seus mercados para as
exportações daqueles países".
Com agências internacionais
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