|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Sindicato dos petroleiros ameaça intensificar movimento e decide hoje se vai garantir produção mínima de gás
Negociações fracassam e greve continua
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A FUP (Federação Única dos
Petroleiros) se retirou ontem à
noite das negociações com a Petrobras, insatisfeita com a primeira proposta de acordo salarial
apresentada pela companhia. A
direção do sindicato ameaça intensificar a greve e decidirá hoje se
vai cumprir ou não o acordo firmado horas antes com a estatal
para garantir uma produção mínima de gás.
Os petroleiros reivindicam aumento salarial de 68,29%, incluindo reposição da inflação de 12 meses, perdas no Plano Real e produtividade. Ontem, a Petrobras
manteve a oferta, anterior à greve,
de reajuste de 6%, mas ofereceu
antecipar dois salários, e não mais
um salário e meio, a título de participação nos lucros.
"A Petrobras ficou dois dias sinalizando que apresentaria uma
proposta bastante interessante, se
fosse garantida a produção mínima. O que foi apresentado é ridículo", disse Mozart Queiroz, diretor da FUP. Segundo ele, assembléias realizadas hoje decidirão se
será respeitado o acordo para a
produção de gás. "Diante da proposta, documentos têm sua validade questionada. É justo reconsiderarmos o acordo."
Gás
A negociação salarial só foi
aberta às 19h, depois que a Petrobras, que teme o desabastecimento de gás no Sul e no Sudeste, concordou com o volume mínimo de
produção proposto pela FUP.
A estatal exigia um volume mínimo de produção de gás, na bacia de Campos, de 7,2 milhões de
metros cúbicos, e a retomada das
atividades em nove das 38 plataformas. Os grevistas propuseram
uma extração mínima de 6,5 milhões de metros cúbicos, em seis
unidades.
Ontem, o volume de gás produzido na bacia de Campos foi de 6
milhões de metros cúbicos, segundo a Petrobras, abaixo da produção estimada de 18 milhões.
Em todo o país, a produção ficou
em 25 milhões de metros cúbicos,
contra previsão de 38 milhões.
O ministro José Jorge (Minas e
Energia) disse ontem que o governo está preocupado com o abastecimento de gás durante a greve
dos petroleiros.
"Por enquanto, o que preocupa
mais é o gás, que tem capacidade
de estocagem muito pequena, diferente do combustível [líquido"",
disse. O risco da falta de combustíveis, de acordo com o ministro,
"depende do tempo que a greve
durar".
O gás, de acordo com a Petrobras, só pode ser armazenado nos
próprios gasodutos, que necessitam de uma vazão mínima de gás
para operar. Os dutos precisam
de pressão que permita que o produto chegue até as distribuidoras.
Essas empresas, por sua vez, repassam o produto a clientes industriais, residências (na forma
de gás canalizado) e postos de
GNV (Gás Natural Veicular). Segundo ele, o gás de cozinha também pode ser processado a partir
do gás natural.
A CEG (Companhia de Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro)
informou que, devido à greve, já
reduziu o volume de distribuição
de gás aos seus clientes. Segundo a
empresa, a termelétrica Eletrobolt
(RJ) já foi afetada e clientes industriais e postos de GNV também
podem ser atingidos.
Nas unidades da Bayer no Estado do Rio, segundo a Folha apurou, ocorreu um corte de 12% no
abastecimento de gás. Segundo o
chefe de energia das unidades da
empresa em Belford Roxo (Baixada Fluminense), Roberto Salvador, essa redução causou queda
de 25% na produção de poliuretano e fertilizantes.
Se a situação do gás é crítica, a
Petrobras se mostra tranquila em
relação ao abastecimento de derivados de petróleo.
Fraga disse que existem estoques suficientes para garantir o
abastecimento com folga. Com
relação ao abastecimento de combustíveis, o Sindicom (Sindicatos
das Distribuidoras de Combustíveis) afirma que tem estoque para
cinco ou seis dias, fora o que a
própria Petrobras tem armazenado.
Adesão à greve
A adesão à greve dos petroleiros
ficou praticamente inalterada ontem. Continuavam paradas nove
das dez refinarias da Petrobras,
segundo a FUP.
No entanto, os trabalhadores da
Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), em Canoas (RS), abandonaram o movimento. Por outro lado, a Regap (Refinaria Gabriel
Passos), em Betim (MG), aderiu à
paralisação. A Petrobras confirma a parada parcial de nove unidades de refino.
Colaboraram a Agência Folha
e a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Encomendas recuam 8,5% nos EUA Próximo Texto: Sindicato acusa risco de vazamento Índice
|