São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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CONTAS EXTERNAS

BC prevê US$ 19 bi em 2001; até agora, entraram US$ 15,26 bi

Investimento externo cai 32,6% até setembro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume de investimentos diretos estrangeiros direcionados ao Brasil caiu 32,6% entre janeiro e setembro deste ano se comparado com os primeiros nove meses do ano passado. Neste ano, o país recebeu US$ 15,26 bilhões em investimentos, contra US$ 22,63 bilhões em 2000.
A redução observada até agora, no entanto, é menor do que a prevista pelo Banco Central para este ano. Segundo as projeções do BC, os estrangeiros irão investir US$ 19 bilhões no Brasil, contra US$ 32,78 bilhões no ano passado -uma queda de 42%.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirma que a meta de US$ 19 bilhões será cumprida, apesar das incertezas surgidas com os atentados ocorridos em 11 de setembro nos Estados Unidos, que causaram a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e parte do Pentágono, nas imediações de Washington.
Para que esse objetivo seja alcançado, é preciso que, entre outubro e dezembro, o país receba mensalmente US$ 1,25 bilhão em investimentos estrangeiros. Neste mês, até ontem, os estrangeiros já haviam trazido US$ 977 milhões ao país.

Projeção inicial
No início do ano, o Banco Central projetava que o Brasil iria receber US$ 24 bilhões em investimentos diretos estrangeiros neste ano. A primeira revisão ocorreu em junho, por causa do racionamento de energia. A instituição mudou a estimativa para US$ 20 bilhões.
Além disso, foi feita uma modificação na metodologia usada para calcular o volume de investimentos diretos. A partir deste ano, o BC passou a considerar como investimento os empréstimos concedidos pelas multinacionais estrangeiras para suas filiais instaladas no Brasil.
Dos US$ 15,26 bilhões que entraram no país entre janeiro e setembro, US$ 12,55 bilhões vieram em investimentos propriamente ditos. O restante chegou na forma desses empréstimos.
A última revisão foi feita no início deste mês. Devido aos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos, a projeção foi reduzida mais uma vez, para US$ 19 bilhões.

Importância
Os investimentos estrangeiros são importantes para que o governo consiga cobrir parte do déficit em transações correntes. Esse déficit é resultado, principalmente, do pagamento de juros da dívida externa.
Entre janeiro e setembro, o déficit foi de US$ 17,42 bilhões. No mesmo período, os investimentos e os empréstimos contraídos pelo governo e pelas empresas somaram US$ 23,62 bilhões.

Balanço de pagamentos
Com esse resultado, o balanço de pagamentos -que contabiliza todos os dólares que entram e saem do país- está positivo em US$ 6,91 bilhões neste ano. Esse superávit foi conseguido graças aos empréstimos concedidos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). O Brasil já sacou US$ 6,72 bilhões disponibilizados após acordos com o Fundo.



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