São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSE

Às vésperas do segundo turno, mercado passa a encarar como exagerados os temores de um eventual governo Lula

Bovespa tem melhor semana em um ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado acionário paulista reagiu de forma surpreendente às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. A Bovespa teve sua melhor semana em um ano e fechou com alta acumulada de 10,99%.
No pregão de ontem, os ganhos do Ibovespa -índice que acompanha a oscilação das 55 principais ações- ficaram em 2,2%.
Desde a primeira semana de novembro do ano passado, quando a Bolsa subiu 11,01%, o mercado não tinha um resultado semanal tão positivo.
O documento elaborado pela Bovespa junto com o PT, divulgado no dia 17 e que destaca a relevância do mercado de capitais no desenvolvimento econômico do país, foi bem recebido pelos investidores.
Em um mercado com as ações negociadas com preços bastante depreciados, qualquer sinal encarado como positivo pode servir de desencadeador de um movimento de busca por pechinchas. A Bolsa caiu tanto nos últimos meses que, mesmo com a expressiva alta registrada na semana, as perdas acumuladas no ano ainda estão em 26%.
Como as pesquisas de intenção de voto apontam ampla vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre José Serra (PSDB), o mercado passou a reavaliar suas posições.
"O humor do mercado melhorou e os investidores passaram a encarar como exagerados os temores de um eventual governo do PT. Se os primeiros nomes que comandarão a economia no próximo governo agradarem ao mercado, há muito espaço para a Bolsa subir", afirma Charles Phillipp, diretor da corretora SLW.
O movimento de compra de ações se acentuou na última quarta-feira. O Ibovespa subiu 5,45% no dia e o pregão movimentou R$ 870 milhões. O volume negociado ontem foi menor, R$ 573 milhões.

Em alta
Ações de peso na Bolsa que acumulavam fortes perdas dispararam com a mudança de humor do mercado. Na semana, o papel PNA da Usiminas subiu 25,6%, e o PN da Eletropaulo, 22,8%. As ações preferenciais do Itaú foram outro destaque, com ganho de 20,4% no período.
Apenas cinco ações encerraram a semana com desvalorizações acumuladas. O papel ON da Tractebel caiu 11,1%, seguido pelo PNA da Comgás, com perda de 3,6%. No pregão de ontem, o destaque foram as ações da Eletrobrás, que fecharam com alta de 7,1% (PNB) e 6,6% (ON).
Analistas divergem quanto à tendência da Bolsa nas próximas semanas. Até o próximo governo, a ser eleito amanhã, assumir e anunciar sua equipe econômica, especialmente os nomes que ficarão à frente do Ministério da Fazenda e do Banco Central, o mercado acionário pode passar por muitos altos e baixos.
Ontem o Ibovespa voltou a fechar acima dos 10 mil pontos, barreira que não ultrapassava desde 13 de setembro.
"Para mantermos o movimento de alta nos próximos dias é fundamental a entrada de mais recursos na Bolsa", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da Planner.
Segundo operadores, foi importante a participação de investidores estrangeiros nos últimos dias à procura de ações com preços baixos. No ano, o que se tem notado é a saída de recursos estrangeiros da Bolsa local. O fluxo de capital externo para a Bolsa está negativo em R$ 2,4 bilhões neste ano.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Mercado pára à espera da eleição, e dólar cai 1,84%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.