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TRANSE
Às vésperas do segundo turno, mercado passa a encarar como exagerados os temores de um eventual governo Lula
Bovespa tem melhor semana em um ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado acionário paulista
reagiu de forma surpreendente às
vésperas do segundo turno das
eleições presidenciais. A Bovespa
teve sua melhor semana em um
ano e fechou com alta acumulada
de 10,99%.
No pregão de ontem, os ganhos
do Ibovespa -índice que acompanha a oscilação das 55 principais ações- ficaram em 2,2%.
Desde a primeira semana de novembro do ano passado, quando
a Bolsa subiu 11,01%, o mercado
não tinha um resultado semanal
tão positivo.
O documento elaborado pela
Bovespa junto com o PT, divulgado no dia 17 e que destaca a relevância do mercado de capitais no
desenvolvimento econômico do
país, foi bem recebido pelos investidores.
Em um mercado com as ações
negociadas com preços bastante
depreciados, qualquer sinal encarado como positivo pode servir de
desencadeador de um movimento de busca por pechinchas. A
Bolsa caiu tanto nos últimos meses que, mesmo com a expressiva
alta registrada na semana, as perdas acumuladas no ano ainda estão em 26%.
Como as pesquisas de intenção
de voto apontam ampla vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) sobre José Serra (PSDB), o
mercado passou a reavaliar suas
posições.
"O humor do mercado melhorou e os investidores passaram a
encarar como exagerados os temores de um eventual governo do
PT. Se os primeiros nomes que
comandarão a economia no próximo governo agradarem ao mercado, há muito espaço para a Bolsa subir", afirma Charles Phillipp,
diretor da corretora SLW.
O movimento de compra de
ações se acentuou na última quarta-feira. O Ibovespa subiu 5,45%
no dia e o pregão movimentou R$
870 milhões. O volume negociado
ontem foi menor, R$ 573 milhões.
Em alta
Ações de peso na Bolsa que acumulavam fortes perdas dispararam com a mudança de humor do
mercado. Na semana, o papel
PNA da Usiminas subiu 25,6%, e
o PN da Eletropaulo, 22,8%. As
ações preferenciais do Itaú foram
outro destaque, com ganho de
20,4% no período.
Apenas cinco ações encerraram
a semana com desvalorizações
acumuladas. O papel ON da Tractebel caiu 11,1%, seguido pelo
PNA da Comgás, com perda de
3,6%. No pregão de ontem, o destaque foram as ações da Eletrobrás, que fecharam com alta de
7,1% (PNB) e 6,6% (ON).
Analistas divergem quanto à
tendência da Bolsa nas próximas
semanas. Até o próximo governo,
a ser eleito amanhã, assumir e
anunciar sua equipe econômica,
especialmente os nomes que ficarão à frente do Ministério da Fazenda e do Banco Central, o mercado acionário pode passar por
muitos altos e baixos.
Ontem o Ibovespa voltou a fechar acima dos 10 mil pontos, barreira que não ultrapassava desde
13 de setembro.
"Para mantermos o movimento
de alta nos próximos dias é fundamental a entrada de mais recursos
na Bolsa", diz Luiz Antonio Vaz
das Neves, diretor da Planner.
Segundo operadores, foi importante a participação de investidores estrangeiros nos últimos dias à
procura de ações com preços baixos. No ano, o que se tem notado
é a saída de recursos estrangeiros
da Bolsa local. O fluxo de capital
externo para a Bolsa está negativo
em R$ 2,4 bilhões neste ano.
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